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A C300 Estate é a única SW vendida pela marca alemã no Brasil. Infelizmente, pois a Mercedes produz algumas das stations mais ‘cabeçudas’, como a mais rápida do mundo: E63 S AMG Estate, que vai de 0 a 100 km/h em somente 3,5 segundos. Mas vamos com o que tem para hoje...
A wagon alemã é equipada com motor 2.0 de quatro cilindros, com turbo compressor, com injeção direta de combustível (apenas gasolina). E o que impressiona é a agilidade desta grandalhona de 4,70 metros de comprimento e 1.595 quilos. As acelerações são realmente intensas e as retomadas extremamente vigorosas, graças a um torque de 37,7 kgf.m já a partir de 1.300 giros – e que permanece ‘full’ até 4.000 rotações. Para não parecer que estou exagerando, a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 6,1 segundos – o Volkswagen Golf GTI demora 7 segundos. Com 245 cv de potência máxima a 5.500 rpm, a velocidade máxima é de 250 km/h (limitada eletronicamente).
Fato: o motor é muito bom, mesclando performance e eficiência – o consumo de combustível é de 9,4 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada, de acordo com dados da fabricante. No entanto, o responsável por extrair elogios do bloco é a transmissão automática de 9 marchas 9G-Tronic, com conversor de torque – nada de CVT (relação continuamente variável) ou dupla embreagem. Passeando com a família, as trocas de marchas acontecem de maneira extremamente suave e, sim, imperceptíveis. Porém, quando a ideia é se divertir um pouco, e o acelerador passa mais tempo ‘esmagado’ contra o assoalho, as mudanças começam a ser mais perceptíveis e em giros mais elevados.
Existe a possibilidade de trocas manuais pelas aletas atrás do volante – conhecidas tecnicamente como Paddle Shift e popularmente chamada de ‘Borboletas’. E mesmo sendo uma perua, carro teoricamente para a família, a C300 Estate instiga a chamar as marchas na ponta dos dedos. Especialmente quando recorremos ao Dynamic Select – recurso eletrônico que permite escolher entre cinco personalidades da perua: ECO, Comfort, Sport, Sport+ e Individual – e optamos pela Sport+, que acaba deixando todas as reações mais intensas. Faz da Mercedes uma pequena ferida aberta.
Para não ficar dúvidas, o Dynamic Select – que pode ser dedilhado por meio de um botão do lado esquerdo do touchpad – atua eletronicamente em alguns componentes do carro, como resposta do acelerador, momento da troca de marcha, entre outros. A ECO, por exemplo, busca entregar uma condução eficiência, focada na economia de combustível. Para isso troca as marchas em giros mais baixos e as respostas do acelerador são tardias. Na Sport+ tudo se inverte. Na individual, por fiz, o motorista pode escolher como cada componente afetado deve se comportar – de forma esportiva, confortável ou econômica.
Outra característica que arrebata corações aficionados por dirigir é a filosofia de construção e o ajuste refinado da suspensão da Estate. Independente nas quatro rodas, tem quatro braços na dianteira e cinco na traseira. Macia para gerar conforto e absorver os buracos do asfalto, transmitindo poucas oscilações para a cabine de maneira silenciosa, ela consegue ser firme na medida para evitar inclinações da carroceria em curvas mais fortes e frenagens mais bruscas. Em mudanças de direção, a carroceria da C300 não rola. Admito: a cada curva eu abusava um pouco mais da perua. E ela instigava: “só isso, Monega?”
Ah! Toda essa diversão ao volante tem como tempero especial a tração traseira. Tesão!
A eletrônica se faz presente. Controles de tração e estabilidade são itens de segurança e estão lá para corrigir erros e abusos, e salvar vidas. Mas a SW é tão equilibrada, tão previsível de suas reações, que mesmo quando eu estava com o capetinha no ombro enquanto me divertia em rodovias com trechos sinuosos que os recursos eletrônicos atuaram muito pouco, mostrando uma face permissiva, que me deixou várias vezes flertar com o limite – talvez com o meu limite, não o da station wagon.
ESPAÇO E COMODIDADE
Perua não deve em nada em espaço para os utilitários esportivos, aliás, na minha opinião são mais interessantes e racionais – não se seduza pelo porte dos SUVs nas ruas. A Estate tem 4,70 metros de comprimento, sendo 2,84 metros de distância entre os eixos. No entanto, o que mais chama a atenção é mesmo a capacidade do porta-malas. São 490 litros. Com os bancos traseiros rebatidos – e isso é feito de maneira extremamente prática apertando apenas dois botões próximos à tampa do bagageiro – o espaço cresce para incríveis 1.510 litros.A grandalhona também impressiona pela capacidade de tratar bem que a utiliza. O motorista tem regulagens elétricas do banco e da coluna de direção (altura e profundidade). Os bancos, ao contrário das stations wagons focadas 100% em performance, têm abas mais abertas, privilegiando o conforto e não propriamente a ‘pegada’ para travar as costas do ‘piloto’. Destaque também para a excelente empunhadura do volante multifuncional.
Como o seletor do câmbio fica na coluna de direção como uma aleta do indicador de direção (vulgo seta), o console central traz o touchpad, recurso que a Mercedes oferece para acessar a central multimídia, que não tem tela sensível ao toque. Apesar de um pouco estranho no começa, a usabilidade do touch se torna intuitiva com o passar do tempo. A gente acaba se acostumando, na realidade – mas, reforço: seria melhor se a tela respondesse aos comandos do dedo na tela...
E a central é muito boa. Tem função de navegação por GPS, exibe todas as informações do veículo e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Me chama a atenção a rapidez com que as ações solicitadas são executadas. É um sistema que tem evoluído consideravelmente.
Entre os itens de série, destaque para o teto solar, ISOFIX para fixação da cadeirinha infantil, câmera de ré, bancos revestidos em couro, acabamento em piano black e alumínio escovado, controlador e limitador de velocidade, acionamento elétrico da tampa do porta-malas, entre outros. Não há opcionais.
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