Toyota Camry tem motor 3.5 V6 de 310 cv, mas se destaca mesmo pelo conforto que proporciona. Preço inicial é de R$ 206,2 mil.
Alguns carros parecem ter sido pensados e projetados para quem viaja no banco traseiro, e não para o motorista. O Toyota Camry, por exemplo, é um desses. Pois apesar de contar com um motor V6 de 310 cv, bater um 0 a 100 km/h na casa dos 7 segundos e atingir os 225 km/h de velocidade máxima, rodar no banco de traz no papel de patrão é uma experiência muito agradável neste japonês de corpo e alma que parte de R$ 206,2 mil – e que pode chegar a R$ 208.550 se o proprietário escolher a cor Branco Lunar...
Se você me perguntar: “Monega, qual a principal qualidade da nova geração do Camry?” Eu respondo sem titubear: “Espaço interno, jovem parceiro!” O Toyota aqui tem 4,88 metros de comprimento, 1,84 metro de largura e 1,45 metro de altura. Porém, o que é mais lindo, e justifica a fama de espaçoso, é os 2,82 metros de distância entre os eixos que proporcionam um espaço interno absurdo. Não é nenhum exagero falar que o Camry é uma sala de estar sobre rodas.
Pernas vão folgadas (é possível cruzá-las facilmente) até mesmo para quem passa de 1,80 metro de altura. A cabeça também não chega perto do teto, pois o assento do banco traseiro é mais baixo. E um detalhe extremamente importante: o encosto dos assentos das extremidades – não o central – reclinam eletronicamente. Coisa de executivo bem-sucedido.
E o comando para reclinar os bancos estão no encosto de braço central. Por intermédio dele é possível ainda comandar o sistema de áudio, a temperatura do ar-condicionado (no Camry o climatizador tem três zonas) e subir a persiana do vidro traseiro – dos vidros laterais subir e descer acontece do modo mais antigo: com as mãos. Isso sem falar do porta-copos retrátil. Também chama a atenção a saída do ar-condicionado e as duas entradas USB no duto central.
E só para fechar o quesito espaço interno, a capacidade do porta-malas é de impressionar. São 593 litros! Mais que o suficiente para levar as bagagens ao aeroporto para uma longa viagem internacional de negócios.
Mas, na boa, vamos assumir o posto de motorista para acelerar este grandalhão...
Confesso que a vida de patrão é boa, mas não é para mim. Mesmo que fosse milionário, eu dirigiria todos os meus carros...
O Camry é divertido ao volante, também. Do seu jeito. E motor não falta. Estou falando de um 3.5 V6 aspirado, com injeção direta de combustível, que gera 310 cv de potência a 6.600 rpm. Mas é o toque que enche os olhos: 37,7 kgf.m a 4.700 giros. E apesar de aparecer por completo apenas em uma rotação elevada, boa parte da força gerada pelos seis ‘canecos’ estão à disposição já a partir de 2.000 giros, o que é fundamental para dar um pouco de agilidade a quem pesa 1.620 kg.
A transmissão é automática de oito marchas, com conversor de torque – nada de câmbio automatizado de dupla embreagem. As trocas rápidas e suaves, afinal o foco é no conforto – não na esportividade. As mudanças também podem ser feitas pela alavanca, puxando a manopla par o lado (empurrando as marchas sobem e puxando, descem). E a prova de que o Camry não tem a intenção de ser pura performance é a ausência das aletas atrás do volante.
Em termos de desempenho, o Toyota não faz feio – também, com uma ‘usina’ sob o capô. Acelera de 0 a 100 km/h em 7 segundos e bate a velocidade máxima de 225 km/h.
Os números são bons, não posso negar, mas seu principal concorrente consegue ir além com um conjunto mecânico que apresenta uma filosofia mais moderna de construção. O Honda Accord utiliza motor 2.0 turbo de quatro cilindros com 256 cv de potência – 54 cv menos – e exatamente os mesmos 37,7 kgf.m de torque. E por utilizar turbo compressor, a força (torque) total aparece mais cedo, a partir das 1.500 rotações, proporcionando um 0 a 100 km/h em apenas 5,7 segundos. Claro que também pesa a favor do Honda o fato de utilizar uma transmissão de dez marchas.
Voltando ao Toyota, o Camry é aquele grandalhão que não faz a mínima questão de aparentar ser menor. O deslocamento da carroceria em uma sequência rápida de curvas avisa: “Sou para rodar suave. Desfilar. Não para ‘fritar’”. E muito dessa sensação se deve ao acerto macio da suspensão – independente nas quatro rodas. E não confunda macio com ‘molenga’. Como escrevi, nas mudanças rápidas de direção a carroceria oscila, mas estabiliza rápido. Então você sente um ‘jogo’, mas na sequência o Camry estanca e firma o corpanzil. E isso serve também para as frenagens mais bruscas.
Lembrando que o Camry tem freios a disco nas quatro rodas, tem ABS e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) e BAS (assistente de frenagem para que o carro pare de maneira eficiente). Tem controles de tração e estabilidade, e auxílio de partida em rampa. Mas sabe o que fica devendo? Sistema de vetorização de torque, aquele que corrige uma eventual saída de rota em uma curva, pinçando o disco de freio da roda interna e puxado o carro de volta. Por ter 37,7 kgf.m de torque e ser tração dianteira, um recurso de segurança desse em pista molhada é extremamente valioso.
E por falar em segurança, o Camry tem 7 airbags: frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista. Cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, além de Isofix para ancoragem da cadeirinha infantil no banco traseiro.
E se quem viaja no banco traseiro tem muito conforto, o motorista também é muito bem tratado. O banco tem ajustes elétricos em oito posições e o do passageiro também, mas ‘somente’ em seis posições. E o grande detalhe aqui, falando de posição ao volante, está na coluna da direção, que tem regulagens de altura e profundidade elétricas. É quase que ‘vestir’ o Camry pelas mãos de um alfaiate. Parece que o Toyota foi feito quase que perfeitamente para qualquer um.
Falando agora de tecnologias de comodidade e segurança, o Camry poderia ir além. Ok que a central multimídia tem tela de 8 polegadas, colorida, sensível ao toque, com sistema de navegação GPS interessante, mas ainda não é compatível com Android Auto ou Apple CarPlay. Recentemente a Toyota anunciou a chegada desta tecnologia – presente em carros de entrada que custam quatro vezes menos – estará disponível para seus veículos, mas fato é que no Camry vendido aqui, isso não acontece.
Há sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, além de câmera de ré. Show! Mas poderia ter um Bliss – alerta de outro veículo no ponto-cego –, pois o Camry é largo e as faixas das avenidas paulistanas são estreitas e precisam ser divididas com os motociclistas. E por falar em faixa, poderia ter também alerta de saída de faixa.
Controle de velocidade, vulgo piloto automático, é de série. Mas um Adaptative Cruise Control, aquele que você ajusta a velocidade e a distância do carro que trafega à frente e o motorista simplesmente controla o volante, estaria mais em sintonia com um carro de R$ 200 mil. Um Park Assist também seria uma boa. Mas...
Com relação aos custos, o Camry apresentou valor ligeiramente elevado nas cinco primeiras revisões periódicas, que acontecem a cada 12 meses ou 10.000 km, aquilo que acontecer primeiro. O valor total é de R$ 3.852, sendo que a revisão de 48 meses ou 40.000 km sai por R$ 1.248.
O Camry é o Corolla do executivo bem-sucedido tradicional, que tem 200 mil para investir em uma caranga, e o negócio dele é comprar um carro de uma marca segura, independente de o modelo ter o melhor espaço interno, ser o mais tecnológico ou entregar a melhor performance. Só de não dar dor de cabeça, já está bom. E isso a Toyota faz bem e, convenhamos, é uma das melhores aqui no Brasil. Pensando desta maneira, o Camry faz sentido.
Mas fato é que o Toyota, na minha opinião, poderia evoluir pontualmente com a adoção de um motor com turbocompressor – não visando performance, mas eficiência energética (economia de combustível e baixas emissões de gases poluentes) – e atacar fortemente em equipamentos de tecnologia focados em comodidade e segurança. Assim ampliando seu custo-benefício e fazendo valer mais cada centavo do preço alto que é pago.
TOYOTA - CAMRY - 2019 |
3.5 XLE V6 24V GASOLINA 4P AUTOMÁTICO |
R$ 206200 |
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