JAC T40 com transmissão automática CVT é equipado com motor 1.6 16V somente a gasolina de 138 cv de potência máxima.
Os chineses estão evoluindo. Fato! Os carros que hoje chegam às concessionárias não podem ser comparados com os primeiros que por aqui aportaram, como Effa M100, primeira geração do Chery QQ ou mesmo JAC J3, o “inesperado”, como dizia Faustão na propaganda. Um exemplo claro de que as coisas estão melhorando é o interessante JAC T40, que agora passa a ser equipado com câmbio automático CVT e com preços a partir de R$ 70.990. A versão avaliada pelo WM1, no entanto, é equipada com Pack 3 e não sai por menos de R$ 73.990.
De cara, o design é algo que chama atenção. Se ainda não seduz como os modelos sul-coreanos e japoneses – para ficar apenas no continente asiático –, o desenho do JAC não desagrada. Comparado ao irmão T5, por exemplo, as linhas são interessantes. É possível até proferir simpáticos elogios. Durante os testes, não foram poucas as pessoas nas ruas querendo saber detalhes sobre o modelo e apontando o visual como algo que chamou atenção de maneira positiva. A única ressalva é a utilização um pouco exagerada de cromados na grade frontal, moldura das janelas e frisos nos para-choques dianteiro e traseiro.
Outro ponto que chama a atenção ainda com o T40 parado é o interior com um espaço interno ok. Com 4,13 metros de comprimento e 2,49 metros de distância entre os eixos, o JAC abriga de maneira confortável cinco adultos com estatura mediana. Já uma família de grandalhões – falo de pessoas com mais de 1,80 metro de altura – pode sofre com os joelhos. Ponto muito positivo para os 450 litros de capacidade do porta-malas – isso sem ter que colocar o estepe do lado de fora, na tampa da traseira, como alguns rivais fazem para salvar um pouco de bagageiro.
Apenas como comparação, o Renault Stepway, um de seus concorrentes diretos - a JAC Motors que os clientes dos hatches aventureiros -, tem 4,06 metros de comprimento, mas oferece 2,59 metros de distância entre os eixos, exatos e significantes 10 centímetros a mais que o T40. O porta-malas, por outro lado, é relativamente menor, com 320 litros. Já o Hyundai HB20X tem somente 3,94 metros de comprimento, mas mesmo assim ainda com 1 centímetro a mais de entre-eixos em comparação ao chinês (2,50 metros). Já o bagageiro é 150 litros menor, com somente 300 litros.
O acabamento também merece ser mencionado. Não chega a ser nenhum primor e nem arranca suspiros, especialmente com relação à adoção de alguns materiais, como plásticos mais duros em algumas peças, mas tudo está bem encaixado e não há rebarbas, o que em modelos do passado ocorria com certa frequência. Os bancos são revestidos em couro, assim como o volante, e é possível ver um cuidado com o estilo a partir das costuras vermelhas.
Além da transmissão CVT, o T40 automático é equipado com motor 1.6 16V somente a gasolina de 138 cv de potência máxima a 6.000 rpm e torque de 16,8 kgf.m a 4.000 giros. Lembrando que a opção manual traz sob o capô o ‘velho de guerra’ 1.5 16V JetFlex (bicombustível) de até 127 cv a 6.000 rotações e 15,4 kgf.m a 4.000 rpm de torque. No entanto, apesar dessas diferenças de números, a JAC Motors informa que tanto a velocidade quanto a aceleração de 0 a 100 km/h são iguais nas duas configurações: 190 km/h e 11,1 segundos, respectivamente.
O conjunto mecânico do T40 entrega um comportamento bastante flat e linear. Motor e câmbio estão bem casados e um atende à demanda do outro. Não espere, porém, um ‘foguete nas mãos’ ou mesmo lampejos de esportividade. O JAC é um carro que foca completamente no conforto – e a escolha de um câmbio CVT (simula até seis marchas, com opção de trocas pela manopla - não há paddle shift) é o primeiro sinal claro disso. Acelerações e retomadas não são intensas, mas entregam a tranquilidade necessária para, por exemplo, realizar uma ultrapassagem com segurança em uma rodovia de mão-dupla.
Com relação ao consumo, o T40 é equipado com sistema Start-Stop para melhorar os índices de consumo, que de acordo com a JAC Motors ficam em 11,4 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada. A tecnologia, diga-se de passagem, funciona de maneira correta, mas o desligamento e principalmente o momento que o motor volta a funcionar são bastante sentidos na cabine. No anda e para de um congestionamento acaba irritando um pouco – o bom é que é possível desligar o recurso.
Senti, no entanto, a falta de uma resposta mais rápida do pedal do acelerador. Ao pisar de leve no pedal, a reação de colocar o veículo em movimento demora. Porém, quando afundo um pouco mais o pé direito, a reação é mais intensa. Este comportamento ocorre também em uma manobra, com a ré engatada. É preciso rodar alguns quilômetros para entender o comportamento do acelerador e se acostumar.
A direção com assistência elétrica é muito confortável para manobras. Só poderia ser um pouco melhor ajustada para deixa-la mais direta. É um pouco anestesiada.
Por não apresentar uma personalidade nada intensa – longe disso, aliás –, o T40 é um carro sem reações intempestivas ou abruptas. Mesmo assim, o JAC oferece de série controles de tração e estabilidade. Confesso que em pouquíssimas vezes, apenas quando buscamos realmente passar um pouco do limite, a eletrônica entrou em ação, mas de maneira tímida – o suficiente para podar qualquer possibilidade de acidente.
O isolamento acústico também foi bem trabalhado. Mesmo quando exigimos o máximo do motor, o ronco invadiu de maneira aceitável a cabine.
A posição ao volante é boa, mas leva-se um tempo para encontrá-la. E isso por conta de a coluna de direção ter apenas ajuste de altura, ficando devendo o de profundidade. O banco, por sua vez, oferece regulagem de altura, ajudando a proporcionar uma posição mais elevada, similar à de um SUV compacto.
A suspensão (independente tipo McPherson com barra estabilizadora na dianteira e semi-independente com eixo de torção e barra estabilizadora na traseira) tem uma personalidade mais para o macio, mas não chega a ser molenga. A inclinação da carroceria é sentida apenas em curvas mais fechadas e em velocidades mais elevadas, ou em frenagens mais bruscas. Aliás, o JAC T40 conta com freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira), além de contar com sistemas ABS (antitravamento das rodas) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).
A versão avaliada é completinha, com itens relevantes para um bom custo-benefício. As rodas de 16 polegadas são de liga leve e ‘calçam’ pneus 205/55/R16. Também contemplam o pacote controlador e limitador de velocidade, travas e vidros elétricos, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, monitoramento da pressão dos pneus, cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, assistente de partida em rampa, sensor crepuscular, ar-condicionado digital e isofix para fixação da cadeirinha infantil. A central multimídia tem tela colorida de 8 polegadas sensível ao toque, mas não é compatível com Android Auto nem Apple CarPlay.
Quem pensa em colocar um carro chinês na garagem tem todos os custos na ponta do lápis. No caso do T40 CVT, existe uma primeira revisão com 3.000 km que é gratuita. Na sequência, as revisões acontecem aos 10.000 km. 20.000 km, 30.000 km e assim por diante. O custo dos seis primeiros serviços periódicos é de R$ 3.228. O valor não é alto, mas acaba sendo mais salgado do que alguns concorrentes, como de concorrentes diretos como Hyundai HB20X (R$ 3.103,50) e que Renault Stepway (R$ 2.648). Importante ressaltar que a garantia oferecida pela JAC é de seis anos.
O JAC T40 CVT talvez seja o melhor chinês à venda no Brasil atualmente. Tem design ok, bom espaço interno, preço competitivo e uma lista de equipamentos de série completinha. Como produto, as ressalvas já são menores que as qualidades. No entanto, a JAC Motors precisa agora construir – entregando muita qualidade – algo que as japonesas hoje são referência: serviço pós-venda. Só assim conseguirá quebrar o preconceito que, apesar de ligeiramente menor, ainda persegue as marcas chinesas.
JAC - T40 - 2019 |
1.6 16V GASOLINA 4P CVT |
R$ 74590 |
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