A boa notícia é que o SUV acabou de retornar ao mercado brasileiro, com visual atualizado e mais equipamentos. Já a notícia nem tão boa é que o utilitário esportivo voltou mais manso. Mas será que, por isso, deixou de valer a pena? Confira as minhas primeiras impressões nas próximas linhas.
Volkswagen Tiguan R-Line 2024: primeiras impressões
Visual exterior
Feito no México para os mercados latino e dos Estados Unidos, esse Tiguan Allspace R-Line 2024 não escondia o seu espírito esportivo. Comparado com as configurações com o motor 1.4, ficava muito claro que essa era a versão bombada do SUV médio da Volkswagen.Como bem disse um amigo ao ver o "novo" Tiguan, a impressão é que, neste retorno, aquele SUV esportivo do passado tomou uma dose cavalar de Maracugina e se tornou um cara mais calmo.
Eu, particularmente, gostei das alterações visuais: nova dianteira - agora com os faróis IQ.Light Matrix e uma grade cromada com LED decorativo -, novas rodas de 19 polegadas, lanternas de LED com novo arranjo de luzes, novos logotipos, e para-choques com leves retoques. Aliás, esses faróis IQ.Light Matrix são bem mais tecnológicos que os antigos, que também eram de LED, porém mais simples. Com facho adaptativo, permitem circular com a luz alta ligada sem incomodar os motoristas no sentido contrário.
As mudanças não conseguiram deixar o Tiguan com a mesma identidade visual dos modelos mais recentes da marca (o carro ainda está bem diferente do SUV de terceira geração, já revelado na Europa). Mas ainda é um automóvel bem bonito, ainda que com essa pegada mais classuda que a do antigo R-Line.
Visual interno
Mesmo os fãs dos carros da Volkswagen reconhecem que o acabamento interno é um dos pontos fracos de boa parte dos produtos da marca alemã vendidos por aqui. Uma exceção é o Tiguan.Aliás, que exceção! O acabamento da cabine do Tiguan é até melhor que o de alguns SUVs de entrada de marcas premium. Além do uso extenso de materiais macios ao toque, chamam atenção os porta-objetos acarpetados nas portas - dianteiras e traseira - e o painel.
O layout do painel e a posição de dirigir repetem o padrão dos outros SUVs da Volkswagen, como o Taos e o T-Cross. O quadro de instrumentos é alto, mas o condutor fica bem próximo do assoalho - mesmo com o banco em posição elevada.
O painel digital configurável de 10,25 polegadas e a multimídia Discover Media, com tela de oito polegadas, fáceis de usar e com boa resolução, são pontos positivos. Mas o visual do conjunto já começa a mostrar sinais da idade. Algo compreensível, já que o SUV de segunda geração foi lançado no mercado internacional em 2016.
Disponível apenas na configuração para sete passageiros - o Tiguan Allspace pode levar - ainda que sem muito conforto, como é padrão nesses carros - duas crianças ou dois adultos de menos de 1,65 m nos banquinhos adicionais, que podem ser rebatidos para dar lugar a um porta-malas com ótimos 686 litros de capacidade.
Equipamentos
De série, o Tiguan Allspace R-Line 2024 tem um pacote de equipamentos bem completo: ar-condicionado de três zonas, tampa do porta-malas com abertura e fechamento automáticos, faróis LED Matrix com controle automático de luz alta e acendimento automático, e sensor de chuva.A lista inclui ainda carregador de celular por indução, chave presencial, bancos de couro elétricos e com climatização nos assentos dianteiros, retrovisores externos aquecidos e interno eletrocrômico, além da iluminação da cabine configurável, com 30 opções de cores.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem o sistema de direção semiautônomo (controlador adaptativo de velocidade, assistentes de mudança e de permanência em faixa e assistente de parada de emergência), seis airbags, frenagem autônoma, monitor de pontos cegos e assistente de estacionamento.
O único opcional do modelo é o teto solar panorâmico, que adiciona R$ 10 mil ao preço final do SUV.
Mecânica
Depois de falar das (boas) novidades, chegou a hora de revelar como ficou o conjunto mecânico do Tiguan Allspace R-Line.No lugar do motor 2.0 turbo com 220 cv de potência e 35,7 kgf.m de torque, combinado com um câmbio automatizado DSG de sete marchas e dupla embreagem e um sistema de tração integral, o Tiguan R-Line 2024 teve o propulsor 2.0 recalibrado para 186 cv e 30,6 kgfm. Agora com tração apenas na dianteira, tem câmbio automático de oito marchas.
Segundo a Volkswagen, a mudança é reflexo das leis mais rígidas de emissões aqui no Brasil e também nos Estados Unidos, onde esse Tiguan ainda é comercializado.
O resultado óbvio foi uma piora nos números de desempenho. O carro "novo" vai de zero a 100 km/h em nove segundos, com velocidade máxima de 215 km/h. O "antigo" R-Line levava 6,8 segundos para atingir os 100 km/h e chegava à velocidade máxima de 223 km/h.
Por outro lado, o Tiguan ficou mais econômico. Se o conjunto mecânico antigo registrava médias de 8,3 km/l (cidade) e 9,6 km/l (estrada), agora essas marcas são de 9,2 km/l (cidade) e 11,3 km/l (estrada). Os números são os oficiais, do Inmetro.
Ao volante
É óbvio que essas mudanças mecânicas refletiram no comportamento do Tiguan ao volante. O antigo R-Line era um carro nervoso, que tinha uma sobra imensa de motor e, ao mesmo tempo, era grudado no chão.Já esse Tiguan Allspace R-Line pós-Maracugina (quer dizer, com o novo conjunto mecânico) é um carro mais manso. Testei o SUV nas ruas e estradas da região de Itu, no interior paulista, e o modelo da Volkswagen ainda entrega um desempenho muito bom para um carro de quase 1,8 tonelada. Porém, sem impressionar nas respostas ao acelerador como o antigo R-Line.
Um exemplo prático disso é quando rodava com o modo de condução "Eco" acionado, o mais manso dos quatro disponíveis (Eco, Normal, Esporte e Individual). Numa alça de acesso para a rodovia SP-079, precisei pisar fundo para ultrapassar um caminhão e o conjunto motor/câmbio demorou para reagir. Aliás, esse Tiguan de 186 cv não faz o corpo colar no banco mesmo em arrancadas com o modo "Esporte" acionado.
Ainda que sem empolgar, o modelo da Volkswagen vai muito bem para um SUV tão pesado, principalmente no uso rodoviário. E entrega boas respostas em retomadas. Além de ainda ser um carro agradável de guiar mesmo com a perda do sistema de tração integral.
A direção firme e direta e a suspensão firme, mas sem ser desconfortável, ainda fazem com que o Tiguan Allspace seja bom de curva e uma boa escolha para aqueles que privilegiam o prazer ao guiar.
Conclusão
O Tiguan Allspace R-Line retornou ao Brasil com o preço de R$ 278.990. Pouca coisa mais barato que o concorrente direto Jeep Commander Overland T270, que sai por R$ 281.690 e tem motor 1.3 turbo de 185 cv.Mesmo com o motor 2.0 menos impressionante, o SUV da Volkswagen ainda trava uma disputa equilibradíssima com o concorrente da Jeep, se destacando em pontos como lista de equipamentos e até mesmo em desempenho.
O Tiguan Allspace R-Line 2024 ainda é um bom carro, principalmente para quem busca um SUV que seja bom de guiar. O problema é que a marca da Stellantis já prepara um Commander com o motor 2.0 de 272 cv da picape Rampage. Isso certamente vai embolar mais a situação do Tiguan nesse retorno ao solo brasileiro.
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