Dizem que a Volks demorou a se mexer no setor de SUVs compactos. Verdade, mas em menos de dois anos o fabricante não só apresenta seu segundo modelo na categoria, como tenta criar um sub-segmento com o Nivus. O utilitário chega pouco mais de um ano depois do T-Cross para consolidar a marca neste cobiçado mercado com proposta bem distinta - a despeito de algumas semelhanças.
O VW Nivus chega com estratégia bem pragmática, mas com roupa para cativar o cliente pela emoção. O estilo SUV-cupê é inédito entre os compactos e difere o modelo em meio aos tantos jipinhos urbanos disponíveis. Só que em apenas duas versões de acabamento, por R$ 85.890 (Comfortline) e R$ 98.290, na Highline que avaliamos.
Desta forma, o VW Nivus concorre com os SUVs de entrada, como também com os utilitários mais sofisticados. Já na linha Volkswagen, fica entre o Polo e o T-Cross. Mas não se posiciona assim apenas como produto.
Em mais de 500 km ao volante do modelo, ficou claro que o estreante bebeu na fonte dos companheiros de vitrine, sorveu o que cada um tem de melhor e, ainda assim, se destaca em diferentes aspectos perante a dupla.
Que ele é bonito e diferente você já viu nas fotos, então vamos falar logo como anda esse SUV acupezado. Quando falamos que ele bebe na fonte do Polo, não é para menos. O VW Nivus é baseado no hatch compacto e isso fica evidente logo ao entrar no carro. A posição de dirigir é a de um Polo, só que mais alto.
A condução é bem confortável, a maioria dos comandos está posicionada de forma intuitiva e o campo de visão dianteiro e lateral é amplo. O banco da versão Highline - de couro - é macio para diferentes tipos de corpo e tem abas firmes para segurar o motorista. Porém, o encosto podia ser um pouco mais largo para as costas.
A dirigibilidade é facilitada pelo volante. Não, ele não é igual ao do Polo, e sim herança da oitava geração do Golf, lançada na Europa - também é o mesmo do elétrico ID3. Com aro mais grosso e base reta, tem ótima pegada e passa uma sensação de condução mais esportiva para o SUV.
Nada mais justo, já que a tocada do VW Nivus é arrojada e confortável ao mesmo tempo. O motor é velho conhecido, o 1.0 com turbo e injeção direta, que aqui rende 128/116 cv. É aquela resposta de TSI: você trata o acelerador com carinho, ele retribui; você trata com força, ele retribui na mesma moeda.
A Volkswagen diz que só calibrou o conjunto, que usa câmbio automático de seis marchas - são apenas duas versões, mesmo, pois as opções manuais do Nivus foram abortadas nos primeiros testes dos pré-séries. Não houve mudança na relação das marchas.
Estas apresentam comportamento bastante versátil. Em uma arrancada mais agressiva na estrada, as mudanças são ágeis e com trancos até suaves. Na hora de ultrapassagens, o câmbio escolhe rápido a melhor marcha e não segura demais os giros. Assim, e com os 20,4 kgf.m já a 2.000 rpm, o motor enche rápido e as retomadas sobram no Nivus.
Já no trânsito da cidade, o novo SUV da Volkswagen tem conforto na dose certa. As trocas de marcha continuam suaves e não há imprecisões e delays em baixas e médias rotações. Na hora de subir a ladeira, aquela força de sempre do TSI para não fazer o carro perder o fôlego.
O bom é que o Nivus segue as médias de consumo comedidas de outros modelos TSi da Volkswagen. Segundo o Inmetro, o consumo com etanol fica em 7,7 km/l na cidade e 9,4 km/l, na estrada. Com gasolina, as médias ficaram em respectivos 10,7 km/l e 13,2 km/l. Em nossa avaliação, o computador de bordo marcou bons 14,6 km/l no ciclo rodoviário.
A suspensão é herança do Polo, porém tem acerto próprio. E isso faz toda a diferença. O jogo com eixo de torção na traseira filtra bem os buracos da pista. Só mesmo imperfeições mais severas se refletem na cabine - e também na coluna de direção, culpa também dos pneus de perfil alto.
O trato firme nessa suspensão deixa o Nivus mais interessante que o T-Cross, especialmente naquela hora de pegar a serra. A carroceria tende a torcer um pouco, mas o carro se mostra firme nas curvas. A direção - a que tem boa pegada, mas que podia isolar melhor as vibrações - não é tão direta como no Polo. Contudo, é rápida nas respostas e passa firmeza em altas velocidades na rodovia.
O espaço, como dito, é bem parecido com o do hatch - o entre-eixos de 2,56 m é o mesmo. Há certas sobras para os joelhos e ombros de quem vai na frente. O banco traseiro é na medida para dois adultos - se o motorista for alto e recuar totalmente o assento, uma pessoa com 1,73 m ficará com os joelhos rentes ali atrás. A sensação de amplitude na cabine, contudo, é maior - graças ao teto elevado.
Para um casal com dois filhos está tranquilo. Até porque o grande diferencial estará lá atrás. Com 4,26 m de comprimento, a Volkswagen garantiu um porta-malas de 413 litros, bem maior que o do Polo (300 l) e melhor que o do T-Cross (373 l). O vão bastante largo e a altura menor em relação ao irmão SUV "mais velho" ainda facilitam a colocação de bagagens no Nivus.
A vida a bordo ainda é brindada pela lista de equipamentos. A Volkswagen caprichou para fazer o Nivus ter outro argumento de diferenciação - além do desenho. Tascou desde a versão de entrada Comfortline seis airbags, assistente de rampas e câmera de ré. Os controles de estabilidade e tração já são obrigatórios para projetos novos.
A Highline testada traz ar-condicionado automático e a nova central VW Play. Com conexão Android Auto e Apple CarPlay, é bastante intuitiva e fácil de operar, principalmente graças à generosa tela de 10”. Por ela, é possível manusear os aplicativos, baixar audiobooks e pedir comida no iFood pelo sistema - para quem, como eu, sente fome conforme a casa se aproxima, é ótimo.
Esta versão topo de linha ainda vem com o Active Info Display, o quadro de instrumentos eletrônico configurável, que é sempre um espetáculo à parte nos VW. Outro item, aqui útil e funcional, é o farol de neblina com conversão estática. Ao virar o volante para a esquerda, por exemplo, acende-se automaticamente um facho de luz extra na mesma direção - para iluminar a parte interna da curva.
Retrovisor eletrocrômico, chave presencial, rodas de liga leve aro 17", sensores de chuva e de luminosidade, aletas no volante para trocas de marcha sequenciais e porta-luvas refrigerado também fazem parte da Highline. Incompreensível o freio de estacionamento por alavanca, quando a maioria dos rivais já optou pelo eletrônico - o que, inclusive, libera mais espaço no console central.
Mas o grande destaque deste SUV por menos de R$ 100 mil são os dispositivos de assistência ativa ao motorista. O Nivus mais caro recebe o pacote que inclui o controle de cruzeiro adaptativo com frenagem automática de emergência.
Por comandos no volante, o motorista estabelece um nível de distanciamento e uma velocidade para o carro à frente em uma estrada. Ao acionar o ACC, o SUV vai acelerar e reduzir conforme o veículo na dianteira aumenta ou diminui a velocidade.
O sistema pode frear e até parar o Nivus por completo ao detectar a aproximação rápida de uma pessoa ou automóvel e, assim, evitar - ou minimizar - um atropelamento ou colisão. Além disso, após uma batida, há uma frenagem extra para evitar que o veículo continue em movimento e corra o risco de ser atingido por outros carros ou até mesmo invadir uma pista no sentido contrário.
É um pacote bastante generoso que mostra que o Nivus não é apenas um SUV com rostinho bonito. Claro que o estilo do VW Nivus se destaca em meio ao desenho previsível da grande parte dos utilitários - e dentro da própria linha da Volks. Mas a dirigibilidade e o conteúdo podem ser os argumentos ideais para você dizer que não foi motivado apenas pelo jeitão cupê do modelo.
VOLKSWAGEN - NIVUS - 2021 |
1.0 200 TSI TOTAL FLEX HIGHLINE AUTOMÁTICO |
R$ 115790 |
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