A linha Honda Rebel virá para o Brasil?

Lançamento da versão de 1.100 cm³ na Europa e nos EUA reacende debate. Mas veremos os modelos 300, 500 e 1.100 por aqui?

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Roberto Dutra
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A Honda lançou, na Europa e nos Estados Unidos, a surpreendente Rebel 1.100. O surgimento da moto reacendeu debates - e esperanças - sobre a vinda da linha Rebel, que é composta também por modelos com motores de 300 cm³ e 500 cm³, para o Brasil. Parte desse sassarico é culpa da própria Honda, que ano passado atiçou a turma estradeira ao exibir a Rebel 500 no Salão Duas Rodas.

2. Honda Rebel 1.100
Toda simples, a Honda Rebel 1.100 tem jeito minimalista: não vem nem com banco e pedaleiras para garupa
Crédito: Divulgação
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Assim como suas irmãs menores, a Honda Rebel 1.100 (nome oficial: CMX 1.100 Rebel) é uma espécie de "custom bobber". Minimalista, é basicamente um conjunto formado por quadro, motor, banco, guidom, tanque pequeno (13,6 litros) e os equipamentos necessários, como faróis, espelhos e piscas.

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A Rebel 1.100 segue uma linha básica explorada à exaustão pela Harley-Davidson com versões de suas antigas Sportster, que não vinham sequer com banco e pedaleiras de garupa, e sempre exigiam um gasto a mais na compra destes e de quaisquer outros acessórios de conforto.

3. Honda Rebel 1.100
O tanque é bem inclinado, parece não encaixar no quadro tubular e leva 13,6 litros de combustível
Crédito: Divulgação
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Tudo parece bem simples, embora eventualmente moderno: o farol e as lanternas são com LEDs, e o painel é um relógio único, redondo, de LCD. O tanque é bem inclinado, e até parece não encaixar perfeitamente no chassi tubular - que fica bem exposto.

4. Honda Rebel 1.100
O painel é um reloginho único, todo digital, de LCD
Crédito: Divulgação
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Como de hábito no mercado americano de motos custom, há vários opcionais: banco conforto, bagageiro traseiro, carenagens dianteiras e alforjes são alguns deles. E gaste dólares...

Tecnologia embarcada

Pelo menos a Rebel 1.100 é cheia de recursos eletrônicos, como mandam os tempos atuais. Estão lá acelerador eletrônico, controles de tração, de cruzeiro e antiempinamento, quatro modos de pilotagem (standard, rain, sport eu user) e ABS.

Tem até a opção do câmbio automatizado de dupla embreagem Dual Clutch Transmission (DCT) que já conhecemos desde os tempos das VFR 1.200 F e Crosstourer, e que hoje em dia está no scooterzão X-ADV 750 e na touring Gold Wing vendidos aqui. A versão standard da Rebel 1.10 tem câmbio convencional, com seis marchas e secundária por corrente.

5. Honda Rebel 1.100
O motor é o mesmo bicilindrico de 1.084cm³ da Africa Twin. Aqui, são 97 cv de potência
Crédito: Divulgação
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Mas o barato desta "Rebelzona" é, de fato, usar o mesmo motorzão bicilindrico da big trail CRF 1100L Africa Twin, lançada em julho último. São 1.084 cm³ com 87 cv de potência a 7.000 rpm e torque de 9,9 kgf.m a 4.750 rpm.

Relativamente leve para seu tamanho (221kg, a seco), a Honda Rebel 1.100 é uma moto para quem gosta de modelos custom, mas não faz a mínima questão de visual ou motorização clássicos.

6. Honda Rebel 1.100
Assim como o farol, a lanterna também tem LEDs. Mas os piscas são convencionais
Crédito: Divulgação
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De resto, não há invencionices: temos suspensões tradicionais (garfos e bichoque), freios idem (discos simples nas duas rodas), banco mais ou menos baixo (70 cm do chão), rodas de liga leve e pneus largos, nas medidas 130/70 R18 na dianteira e 180/65 R 16 atrás.

Nos EUA, os preços são de US$ 9.300 para a versão standard e de US$ 10.000 para a versão com DCT - cerca de R$ 48.700 a R$ 52.300. Na Europa, os preços vão de 10 mil Euros a 11 mil Euros, ou aproximadamente R$ 63 mil a R$ 69 mil (cotações de 1/12).

7. Honda Rebel 1.100 Touring
Para ficar confortável, a Rebel 1.100 precisa receber acessórios como banco conforto, encosto e pedaleiras de garupa, alforges e carenagem dianteira
Crédito: Divulgação
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Estes valores são para conversão direta, sem eventuais alíquotas e taxas para importação. Com montagem em Manaus, entre idas e vindas, a Rebel 1.100 ficaria nestes patamares ou em, no máximo, 20% menos - R$ 40 mil a R$ 45 mil, na melhor das hipóteses.

Aí, eis a questão: como encaixar uma custom grande, pelada e cara no mercado brasileiro, onde as vendas de custom são muito menores do que a maioria do público imagina?

Para o caro leitor ter uma ideia, a custom média mais vendida do país este ano (Kawasaki Vulcan 650 S) somou 650 unidades emplacadas entre janeiro e outubro. São 65 motos por mês, no país todo. Por outro lado, a Honda CG 160 somou 212 mil emplacamentos no mesmo período, ou 21.200 por mês.

Entenderam porque é tão complicado investir em motos custom no Brasil? E ainda que se dê um desconto, por 2020 ter sido um ano "pandêmico" atípico, e dobrarmos a aposta, teremos 130 unidades contra 42 mil. É um mundo de diferença.

A Honda Rebel 300 é vendida na Europa e nos EUA, mas as chances de vir para o Brasil são remotas
Crédito: Divulgação
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Sendo assim, é pouco provável que a Rebel 1.100 seja vendida no Brasil. Nesta família, a Rebel 500 é a que tem mais chances. Mesmo não sendo a mais barata, tem o mesmo motor da família CB 500, já vendida no Brasil há tempos - o que facilita logísticas industriais e de pós-venda -, e teria um preço razoavelmente acessível.

A Rebel 500 começa em US$ 6.300 nos EUA, ou uns R$ 33 mil. Montada aqui, custaria isso ou até um pouco menos, o que a tornaria competitiva diante da Vulcan 650 S e de outras menos votadas. Honda pelada mais barata, Kawa mais completa e mais cara. Mas o número mágico para fazer fila na porta seria uns R$ 29 mil.

Além disso, como já mencionamos outras vezes, há um "buraco" no segmento das motos custom. Das pequenas Haojue Chopper e Dafra Horizon, ambas de 150 cm³, sobe-se diretamente para as médias de 650 cm³ ou acima. Não há nada no meio.

Na linha Honda Rebel, a 500 é a que tem mais potencial no país
Crédito: Divulgação
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É claro que, aí, pensamos na Honda Rebel 300. Mas ela custa iniciais US$ 4.600 nos EUA e aqui sairia por cerca de R$ 25 mil, pelo menos. Como a 500 ocupa "espaço" que fica mais abaixo, mas a 300 não ocupa o "espaço" que fica mais acima, escolher a 500 é o caminho natural. E a marca japonesa não exibiu a Rebel 500 no Salão Duas Rodas de 2019 à toa, pode acreditar.

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