Ela não é uma atualização da CRF 230F, velha conhecida nas trilhas Brasil afora desde que foi lançada em 2006, mas sim uma evolução. Ambas dividirão espaço na vitrine, mas a inédita CRF 250F oferece, sem dúvida alguma, uma melhor relação custo benefício para quem quer se aventurar na terra. Também fabricada no Brasil, ela tem preço público sugerido de R$ 14.990 – apenas R$ 1.540 a mais que a CRF 230F - e entrega muito mais que sua irmã mais velha, que segue como opção de entrada na linha CRF.
Por que ter uma CRF 250F?
Ela é opção tanto para quem já tem uma CRF 230F e quer fazer um upgrade para uma moto mais moderna, quanto para quem quer iniciar no off-road. A nova 250F teve um projeto pensado exclusivamente para ela, incluindo um novo chassi tipo berço duplo fechado, freios a disco, suspensão aperfeiçoada e sistema de injeção PGM-FI ajustado para uso no off-road. O motor foi emprestado da CB Twister 250, um monocilíndrico de 249,5 cm³ arrefecido a ar que entrega 22,2 cv a 7.500 rpm e 2,28 kgf.m de torque a 6.000 rpm, são 20% a mais de potência e torque em comparação à CRF 230F.
O motor é combinado a um novo câmbio de cinco marchas e não de seis, como ocorre na Twister. Para a CRF, a relação é mais curta (pinhão 13 e coroa 50), o que prioriza a entrega imediata de torque. Isso limita um pouco a velocidade final, mas para o off-road é melhor garantir a força em baixas rotações. Com 2.000 giros, 80% do torque máximo já está disponível, ou seja, sobra vigor para empurrar seus 114 kg. A diversão é garantida.
Boa opção para os iniciantes
Dois pontos fortes na novidade são a linearidade na entrega de potência e a facilidade de pilotagem. Isso se deve a dois fatores. Primeiro, o mapa de injeção específico para o off-road. De acordo com a Honda, o conjunto do corpo da borboleta e o injetor são capazes de garantir o funcionamento regular do motor mesmo em situações típicas que encontramos na terra, como saltos, bruscos desníveis e aquelas “compras de terreno” frequentes que alguns pilotos insistem em fazer. No off-road, quedas são muito comuns e isso pode interferir na alimentação do motor. Falando em quedas, a partida elétrica é praticamente uma “benção” para os pilotos menos preparados fisicamente que não precisam cansar a perna no pedal de partida a cada pausa.
O segundo fator é o novo chassi. Em vez de um único tubo superior, a CRF 250F conta com dois tubos paralelos que descem da coluna de direção até o ponto de fixação da balança traseira. A nova arquitetura permitiu posicionar o tanque com capacidade para 6 litros entre as traves superiores, o que garantiu uma melhor distribuição de peso e, consequentemente, uma melhor maneabilidade da motocicleta. Trocando em miúdos, a nova CRF 250F, além de muito ágil é muito fácil de pilotar.
Por conta do novo chassi, as dimensões são diferentes da CRF 230F. A distância entre eixos do novo modelo é um pouco maior, 1.420 mm contra 1.372 mm, e o assento um pouco mais alto, 883 mm contra 872 mm. Mesmo assim, com 1,70 metro de altura não tive nenhuma dificuldade para colocar os pés no chão. Já quem é muito alto pode reclamar da ergonomia, especialmente quando estiver pilotando de pé. Um elemento que ajuda pilotos de estaturas diferentes a encontrarem uma posição mais favorável é a possibilidade de regular os suportes do guidão em duas posições diferentes.
Suspensões e freios
Diferentemente de sua irmã, a nova CRF recebeu freio a disco também na traseira. Na dianteira, o disco tipo wave de 240 mm está associado a um cáliper de pistão duplo enquanto na traseira o disco de 220 mm conta com cáliper de pistão simples. Para completar o pacote, novos pneus Pirelli Scorpion XC ajudam a garantir maior aderência.
As suspensões também foram aperfeiçoadas. A dianteira utiliza garfo telescópico convencional com tubos de 41mm de diâmetro (37mm na CRF 230F) enquanto a traseira monoamortecida possui um conjunto mola-amortecedor que permite regular a carga da mola e está ligado à balança via Pro-Link.
Pontos fortes da nova CRF 250F
- motor da Twister 250 que entrega 20% a mais de potencia e torque que a CRF 230F
- sistema de injeção PGM-FI ajustado para uso em off-road
- novo chassi
- suspensões reforçadas
- freio a disco na dianteira e traseira
- novos pneus Pirelli Scorpion XC
- relação peso-potência de 4,9kg/cv (5,3kg/cv na CRF 230F)
- peso seco de 114 kg
- design inspirado na CRF 450R
Será o fim da CRF 230F?
Produzida em Manaus, a nova CRF 250F é um produto global. A Honda ainda não revelou em quais países ela será comercializada, mas por aqui estabeleceu metas agressivas de 11 mil unidades vendidas ao ano - atualmente, a CRF 230F vende cerca de 6 mil unidades ao ano.
No evento de lançamento pudemos testar ambos modelos e a comparação foi inevitável. Mesmo a Honda dizendo que um modelo não vai canibalizar o outro, ficou claro desde a primeira volta que a nova CRF 250F é muito mais moto, além de ser mais moderna, mais bonita e mais fácil pilotar. Com uma diferença tão pequena de preço, não há justificativas para alguém comprar o modelo de entrada, um projeto bem mais antigo. Convenhamos que a 230F já teve seus dias de glória e que é apenas questão de tempo para a CRF 250F dominar as trilhas.