Fui assistir "Ainda estou aqui" no último sábado (30/11) no cinema. Não sou – e nem tenho e capacidade de ser – um crítico, mas o filme dirigido por Walter Salles baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva é simplesmente espetacular em absolutamente todos os sentidos.
Mas, em um especialmente, chamou a atenção de minha doentia paixão por automóveis: o carro vermelho de Rubens Paiva, interpretado pelo ator Selton Mello. O modelo se tornou o carro da família, sempre conduzido por Eunice Paiva, protagonista representada de forma magistral pela atriz Fernanda Torres.
Saí do cinema e fui imediatamente atrás dessa informação: qual é o carro vermelho que se destacava completamente em meio a dezenas de Fuscas, Brasílias, Opalas, Chevettes e outros carros do início da década de 1970?
Dirigindo para casa ao lado da minha doce Verônica, voltei à época em que era editor do caderno de Automóveis do Diário do Grande ABC, em Santo André (SP). E me lembrei de um carro sempre impecável, mas deixado em um canto de uma garagem em São Caetano do Sul (SP), onde meu pai estacionava seu Chevrolet Astra Advanced quatro portas prata.
Aquele carro era um Opel Kadett, algo que na época me chamou demais a atenção, pois era completamente diferente do Chevrolet Kadett que encantou o jovem Marcelo Monegato, vulgo Monega, no início dos anos 1990. Não preciso falar que a versão GSI era a minha preferida...
Então rapidamente perguntei para a Vê, que havia lido o livro "Ainda estou aqui", se Marcelo Rubens Paiva mencionava a marca do carro do pai dele, Rubens Paiva. E para minha surpresa ela confirmou. “Sim! Ele menciona o carro do pai. Acho que esse aí que você falou. Opel Kadett!”
Não consegui identificar o ano do carro pelas imagens do filme. Mas, por se tratar de acontecimentos nos anos de 1970 e 1971, arrisquei que o modelo era do final dos anos 1960. Procurei no APP da Webmotors se havia algum anúncio desta raridade e, para minha completa surpresa, dentre as mais de 400 mil ofertas de veículos novos, seminovos e usados presentes no maior ecossistema automotivo do Brasil, havia um único Opel à venda, um belíssimo GT.
Então acessei o WM1 e, para minha grata surpresa, encontrei uma matéria de 2015 do jornalista Iago Garcia falando exatamente de um Opel Kadett 1968 que estava anunciado na Webmotors. Mas, em vez de vermelho, era amarelo.
Abaixo, trago a íntegra da reportagem. Algumas informações estão defasadas. A Opel, por exemplo, não pertence mais à Chevrolet, mas sim ao grupo Stellantis.
Navegar no WebMotors é como garimpar: com paciência, cuidado e um pouco de sorte você encontra uma joia rara. Não por menos, nós criamos os #AchadosWebMotors. O achado desta semana é o único da sua família no nosso classificado. É simplesmente o único Opel – marca alemã que hoje pertence à GM e completa 152 anos de sua fundação este mês.
É o Opel Kadett Olympia de 1968. É a terceira geração do Kadett - o "nosso" Kadett é a sexta e última geração -, apresentada no Salão de Frankfurt de 1965. Olympia é a versão de luxo do Kadett, e esta que você vê nas fotos é raríssima no Brasil – estima-se que, nesse nível de conservação, existam apenas mais quatro exemplares deste Kadett por aqui.
Este Opel passou dois anos em restauração. "O carro já é raro, as peças ainda mais. A restauração demorou por precisar importar grande parte delas direto da Alemanha", conta Laércio, dono do carro desde 2005. O hodômetro marca 45 mil quilômetros rodados, mas pela restauração completa pela qual passou, podemos dizer que o carro é praticamente zero-quilômetro. Tudo funciona e o acabamento é perfeito.
O motor tem quatro cilindros, 1.1 litro e gera cerca de 60 cv. O câmbio é manual de quatro marchas. A carroceria fastback, na época, divida espaço com uma sedã de duas ou quatro portas. As opções de motores eram uma de 1.7 litro e uma de 1.9 litro, usadas originalmente no Opel Rekord – que serviu de base para o nosso Opala, também em 1968.