Esta é minha 10ª coluna sobre muscle cars e hoje eu vim para causar polêmica. Afinal, o Chevrolet Corvette é muscle car ou "apenas" um carro esportivo? Bora descobrir?
"Muscle Culture" é a coluna de André Deliberato (@andredeliberato no Twitter e no Instagram) no WM1, portal de notícias da Webmotors, que traz curiosidades e informações sobre uma das mais tradicionais filosofias norte-americanas dos anos 1960 e 1970.
Tecnicamente, a resposta oficial para essa pergunta é de que ele já pode ter sido, mas somente em determinadas gerações. Para explicar, vamos voltar ao conceito do que é um legítimo muscle car, de acordo com a filosofia norte-americana: carros com potência, tamanho e desempenho elevados, feitos entre os anos 1960 e 1970, com motor V8, tração traseira, duas portas e pelo menos dois lugares.
De acordo com esses critérios, a primeira geração - conhecida como C1 - não se enquadra como muscle car, e sim só como carro esportivo, já que não oferecia um motor V8 big block de potência e desempenho elevados, além de também não ser um carro avantajado em tamanho.
Já o Corvette C2, o primeiro a oferecer a versão Stingray, pode receber essa nomenclatura. Isso porque o modelo ganhou motores bem maiores e mais espaço interno, e se tornou, de certo modo, um pony car. Na configuração mais forte (de 1967), tinha um motor V8 Tri-Power Big Block de até 435 cv e 63,6 kgf.m de torque. Dê uma olhada novamente nas "regras", dois parágrafos acima. Ele atendia todas.
A terceira geração, o Corvette C3, seguia proposta idêntica e por isso também pode ser chamada de muscle car. Já a partir da quarta, a história mudou, a começar pelo fato de ter sido desenvolvida nos anos 1980, já com pegada mais moderna, com versões conversíveis e carrocerias menos alongadas.
Quinta e sexta gerações mudaram totalmente o foco do carro. Resumidamente, ele deixou de ser um muscle car para se tornar um cupê esportivo, seja com carroceria fechada ou cabriolet. A prova é que os alvos mudaram com essas atualizações - Mustang, Charger e Challenger saíram de cena para dar lugar a esportivos compactos alemães e principalmente japoneses.
A sétima, em toda a história do Corvette, foi a que mais chegou perto de voltar a ser considerada um muscle car. O carro era relativamente grande, tinha motor forte e desempenho avantajado, lugar para dois, tração traseira e tudo que era preciso para a classificação. Mas nem a GM o enxergava assim, já que em sua mira sempre estavam modelos da Porsche.
A oitava e atual geração desfez qualquer possibilidade de o Corvette poder voltar a ser chamado assim: o motorzão dianteiro passou a ser central-traseiro e em sua mira entraram superesportivos italianos, como carros da Ferrari e da Lamborghini.
Você pode ler em diversos lugares por aí que o Corvette é um muscle car, mas agora você sabe que a história não é bem assim. Então se por acaso rolar uma discussão a respeito, dê sua opinião com propriedade: só os Corvette C2 e C3 foram legítimos muscle cars. Os outros não passam de meros esportivos.