Chevrolet Monte Carlo, tão luxuoso quanto a cidade

Contamos a história de um dos muscle cars mais charmosos da GM, que ganhou o nome em homenagem ao principado de Mônaco

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André Deliberato
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Na coluna deste mês, contaremos a história de um muscle car de extremo charme, garbo e elegância, que precisou se transformar em sedã e cupê para se manter em linha após a crise do petróleo de 1973 e a recessão econômica mundial da década de 1980. Falamos do maravilhoso Chevrolet Monte Carlo, nascido em 1970.

"Muscle Culture" é a coluna de André Deliberato (@andredeliberato no Twitter e no Instagram) no WM1, portal de notícias da Webmotors, que traz curiosidades, notícias e informações sobre uma das mais tradicionais filosofias de carro norte-americanas dos anos 1960 e 1970, mundialmente conhecida e representada pelos muscle cars.

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Muscle Culture

    Chevrolet Monte Carlo 1970: muscle car também foi um sucesso nas provas da Nascar na época
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    Chevrolet Monte Carlo (1970 - 2007)

    É difícil falar sobre algo que é decifrável - e admirável - só de ver. Este é o Chevrolet Monte Carlo de primeira geração, apresentado em 1970, no ano do tricampeonato brasileiro de futebol. Com linhas marcantes e vincos com muita personalidade, o modelo surgiu com a proposta de oferecer conforto aos apreciadores de cupês (muscle cars) e conversíveis e ainda teve sucesso tremendo na Nascar.

    Sua primeira aparição foi em 1969, um ano antes de seu lançamento em série. Tinha carroceria com arquitetura tradicional (corpo de lata sobre chassis, motor V8 dianteiro e tração traseira) e um design arrebatador. Feito sobre a plataforma "A" da GM, era "primo" do Pontiac Grand Prix e do Oldsmobile Cutlass Supreme e chegava para competir mercado contra Buick Riviera e Mercury Cougar.

    Classificado como "médio" - mesmo com 5,25 m de comprimento e 2,95 m de entre-eixos -, o Monte Carlo nascia em 1970 para homenagear a charmosa cidade do Principado de Mônaco, o segundo menor país do mundo atrás apenas do Vaticano. Era, em resumo, um muscle car com pegada de carro de luxo destinado a um público seleto e que gostava de dirigir.

    Primeira geração

    O luxo era tanto que o Monte Carlo 1972 oferecia um opcional com ajuste elétrico dos bancos
    Crédito: Divulgação
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    A primeira geração do carro era a que mais se classificava como muscle car. Sob o capô, tinha uma vasta possibilidade de opções, mas todas eram de motores de oito cilindros, como exige a filosofia.

    O V8 350 de entrada tinha 5,75 litros, carburador de corpo duplo e podia entregar 250 cv, mas podia chegar a até 300 cv com carburador quádruplo; um V8 400 de 6,5 litros com carburador duplo de 265 cv; um Turbo Jet 400 com carburador quádruplo de 330 cv e o SS 454, um V8 de insanos 7,45 litros e carburador quádruplo que rendia 360 cv.

    Caixas de câmbio podiam ser manuais, de três ou quatro marchas, ou até automáticas, de duas ou três velocidades. O luxo era tanto que nas versões mais caras o Monte Carlo oferecia suspensões reforçadas, rodas especiais, banco com ajuste elétrico (!) e ar-condicionado. Na configuração mais forte, arrancava de 0 a 100 km/h em ótimos (para a época) 7,9 segundos.

    Em 1971 o modelo assumiu a representação da Chevrolet nas corridas da Nascar, papel que cumpriu até 1989, ano em que este escriba nasceu. A grade dianteira chegou a mudar para 1972 (naquela época toda alteração de linha costumava vir com retoques visuais, por isso normalmente é fácil identificar carros clássicos pelo ano), mas ele perdeu o pacote SS e o câmbio de quatro marchas.

    Segunda geração

    Chevrolet Monte Carlo 1973 recebeu linhas ainda mais marcantes e sedutoras, mas ficou "menos muscle car"
    Crédito: Divulgação
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    Apenas dois anos depois do lançamento surgia a segunda geração, lançada no final de 1972 já como modelo 1973 - época considerada "incrível" por colecionadores, já que não havia tanta preocupação dos fabricantes com economia financeira. O novo Chevrolet Monte Carlo cresceu de tamanho - para 5,40 metros de comprimento, com o mesmo entre-eixos - e ganhava linhas ainda mais sedutoras.

    Mas as alterações mudaram um pouco o aspecto do carro, que naquele momento já era "menos muscle car" do que seu precursor. Isso porque trocava o teto estilo hardtop sem coluna central (hoje chamada de coluna "B") por um estilo chamado Opera, com janelas (note na foto acima) - que na versão Landau tinha teto revestido em vinil, para simular uma capota.

    Motores também ficaram mais fracos: só o V8 350 (145 cv com carburador duplo e 175 cv com o quádruplo - os números são menores porque a GM havia decidido alterar sua medição de potência para o padrão líquido, algo que explicaremos em outra oportunidade) e o Turbo Jet V8 454 com 245 cv com o carburador quádruplo.

    Nos anos seguintes, o carro retomou o motor V8 400 (com 150 cv ou 180 cv) e recebeu uma nova grade, chave de ignição eletrônica no motor e catalisador no escapamento. Por conta da crise do petróleo que já se iniciara, porém, ele recebeu um propulsor menor, de 5 litros (mas também V8), de carburador duplo e 140 cv. Só que o 454 saiu de linha - e até 1977 até o V8 400 foi extinguido.

    Terceira geração e fim do Monte Carlo muscle car

    Monte Carlo 1978, de terceira geração, perdeu a pegada de muscle car, mas continuou sendo um carro de luxo
    Crédito: Divulgação
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    Depois disso, fim da linha para o Chevrolet Monte Carlo muscle car. A partir da terceira geração (de 1978) o carro passou a ser pensado e feito de forma diferente, sem foco no conforto e nos passageiros, mas com total dedicação à economia de combustível e de materiais - e, atenção, isso não é uma crítica, até porque a maioria dos carros da época seguiram pelo mesmo caminho.

    O carro era bem menor (5,09 m de comprimento e 2,74 m de entre-eixos), tinha 320 kg a menos e mais espaço interno, agora oficialmente para quatro pessoas. A Chevrolet chegou até a equipá-lo com um motor V6 - o Buick 231, com 3,8 litros e 105 cv. Era o fim, de fato, do Monte Carlo muscle e o nascimento do sedã/cupê.

    Nos anos seguintes o carro passou por uma série de transformações, mas sempre com foco no luxo. Chegou a utilizar motores a diesel e até a receber uma versão SS em 1983, mas sem o mesmo encanto, na minha opinião, que as duas primeiras gerações. Saiu de linha em 1988 e foi substituído pelo Lumina em vários mercados onde era vendido.

    O retorno em 1995

    Chevrolet Monte Carlo 1995 tinha tração dianteira e estrutura de monobloco
    Crédito: Divulgação
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    Depois de sete anos fora de linha, o Chevrolet Monte Carlo foi revivido em 1995 para sua quinta geração. Só que era um carro totalmente diferente daquele primeiro. Nos anos 1990, se tornou um cupê com motor V6 transversal e tração dianteira, para desgosto dos puristas. A plataforma era do Lumina e o carro tinha 5,10 m de comprimento e 2,73 m de entre-eixos.

    Tinha dois motores no catálogo: um 3.1 de 160 cv e outro de 3,4 litros com duplo comando de válvulas e 215 cv na versão Z34, mais esportiva - ambos com câmbio automático de quatro marchas. Em 1998, chegava à linha um V6 3.8 de 200 cv para substituir o 3.4 e que também foi utilizado na Nascar.

    Uma última geração

    Última geração do Monte Carlo, de 2000, tinha estilo ainda mais conservador que a anterior
    Crédito: Divulgação
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    Uma última geração do carro foi lançada em 2000, com estilo que muitos fãs acharam ainda mais conservador que a anterior. O luxo, porém, nunca deixou de ser prioridade, para fazer jus ao nome. Com plataforma de Impala, o Monte Carlo que viveu até 2007 (e teve algumas remodelações no caminho) tinha 5,03 m de comprimento e 2,81 m de entre-eixos em carroceria cupê.

    Até a clássica versão SS reapareceu, desta vez com um motor V6 de 3,8 litros capaz de entregar 200 cv - que em 2003 recebeu um compressor e passou a desenvolver 240 cv. Foram várias edições especiais criadas com inspiração em pilotos da Nascar e quatro séries baseadas em Pace Cars utilizados na corrida.

    E ele merecia todas as homenagens, afinal dos 31 campeonatos que a Chevrolet havia conquistado até então, 24 haviam sido de Monte Carlo. Os últimos saíram de linha em junho de 2007 e, mesmo com o hiato entre o final dos anos 1980 e começo de 1990, o Monte Carlo se tornava ali um dos carros mais clássicos e longevos da história dos automóveis. Que começou como muscle car. Que história!

    Com informações de Best Cars Web Site

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