O Honda ZR-V está oficialmente no Brasil. Após semanas de diversos flagras das primeiras unidades chegando do México e em transporte para as concessionárias, o SUV do Civic começa a ser vendido em versão única - a Touring, sem opcionais, por R$ 214.500.
Esse preço mostra bem quais modelos o novo Honda vai atacar – sim, estamos falando de Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, Chevrolet Equinox, Ford Terrritory, Caoa Chery Tiggo 7 e GWM Haval H6. E, também, a estratégia de vendas. Mas vamos falar sobre isso mais para frente. Antes, bora conhecer o SUV.
Vamos direto ao ponto: o ZR-V quer conquistar clientes pelo porte, espaço e design, que independentemente de ser bonito ou feio (gosto realmente não se discute), tem personalidade. E para quem espera uma performance incrível, algo fora da curva, pode tirar o cavalinho da chuva.
O Honda ZR-V é equipado com um motor quatro cilindros 2.0 16 válvulas aspirado, que consome apenas gasolina. É o mesmo propulsor uado no mercado dos Estados Unidos, e que gera 161 cv a 6.500 rpm e torque de 19,1 kgf.m a 4.200 rpm. O câmbio é automático CVT com sete marchas simuladas.
Em um primeiro contato, o SUV mostrou ser bom no perímetro urbano. Rodar macio e silencioso, acelerações e retomadas ok – levando em consideração que rodamos por São Paulo em velocidades de 50, 60, 70 e 90 km/h.
Já na estrada, a performance pode ser dividida em duas partes.
Em velocidades constantes, o motor trabalha com suavidade e o conforto é total. Já em algumas outras situações, como retomadas para ultrapassagem, o CVT joga as rotações do motor para lá de 6.500 rpm, o som invade a cabine e a velocidade cresce gradativamente, mas sem empolgação. Parte se deve ao fato de o ZR-V pesar 1.446 quilos.
Em performance, o ZR-V não está entre os mais empolgantes. Mas esse nem é o desejo da marca, precisamos reconhecer. O Compass com motor 1.3 turboflex de até 185 cv e 27,5 kgf.m de torque consegue entregar desempenho superior. Fato.
Vale destacar que o ZR-V não tem modos de condução, mas tem três "personalidades" diferentes:
A posição é muito boa. O Honda, definitivamente, não cansa. Com ajustes elétricos para o banco do motorista, e regulagens de altura e profundidade da coluna de direção, fica muito fácil "vesti-lo", independentemente da altura do piloto.
A amplitude da altura do assento é o que mais chama a atenção, permitindo uma posição baixa, similar (mas ainda alta) à de um sedã, ou mais alta, como a de um SUV.
Devo admitir que, pelas medidas do ZR-V, preferi uma posição ligeiramente mais alta para ter uma visão completa de tudo o que está acontecendo ao redor. Uma questão de segurança.
O volante multifuncional tem excelente empunhadura. E a assistência elétrica deixa tudo mais confortável.
Ponto positivo para o acerto da suspensão. Independente tipo McPherson na dianteira e independente multilink na traseira, o ZR-V consegue ser firme, evitando oscilações da carroceria em curvas mais fechadas ou frenagens bruscas, ao mesmo tempo em que absorve bem as imperfeições do asfalto.
Definitivamente uma das principais qualidades é o espaço interno. Com 4,57 m de comprimento, 2,66 m de distância entre os eixos, 1,84 m de largura e 1,61 m de altura, esse Honda é um SUV com muito conforto e comodidade para todos os passageiros.
Mesmo os mais altos, com mais de 1,80 m, não enfrentam problemas com os joelhos roçando nos bancos dianteiros, ou a cabeça raspando no teto. Ponto positivo para o assoalho com um leve degrau, que nada incomoda os pés de quem viaja no banco central.
Não há descansa braço para os passageiros banco traseiro, nem saídas de ar-condicionado. Mas o que mais me incomodou foi a ausência do Magic Seat, recurso de modularidade dos bancos traseiros que permite uma série de configurações para poder levar objetos grandes, como pranchas de surfe ou bicicleta.
Quem nunca ouviu de um proprietário de Fit dizer algo como "já fiz uma mudança inteira dentro do meu 'Fitzinho'!"...
Apesar da ausência deste recurso, o banco traseiro pode ser rebatido totalmente, aumentando a capacidade volumétrica do ZR-V de 389 litros (com a configuração para cinco ocupantes) para 1.306 litros.
O Honda ZR-V tem excelente acabamento. Os bancos são revestidos em couro, mas há peças emborrachadas, materiais sintéticos, plástico duro em alguns pontos que ninguém toca, e detalhes em preto brilhante. Tudo está muito bem encaixado. A qualidade de montagem do carro é muito boa.
Comercializado em versão única, a Touring, o ZR-V chega sem opcionais – apenas uma gama de 15 acessórios que podem ser adquiridos nas concessionárias. Por isso, sua lista de equipamentos é bem interessante.
Destaque para a central multimídia com tela de nove polegadas sensível ao toque, mas que também tem botões físicos para ações rápidas - como aumentar o volume, por exemplo. É compatível com Android Auto e Apple CarPlay, com conexão sem cabo.
E por falar em cabo, o ZR-V tem cinco portas USB – uma do tipo "A" e quatro do tipo "C" –, todas com a função de recarga do smartphone. O Honda, no entanto, também tem wireless charger (carregador de celular por indução).
O ar-condicionado é digital, automático e de duas zonas, e o carro ainda vem com teto solar, rodas de liga leve de 17 polegadas e o pacote Honda Sensing, que é composto por uma série de recursos tecnológicos voltados para a segurança e comodidade:
Com preço de R$ 214.500, o ZR-V pretende incomodar principalmente o Jeep Compass Limited (R$ 215.890), a versão topo de linha XRX do Toyota Corolla Cross (R$ 210.990), Volkswagen Taos Highline (R$ 212.480) e GWM Haval H6 de entrada (R$ 214 mil).
E por que só incomodar? Simples: o objetivo da Honda é emplacar 1.000 unidades ao mês. Como base de comparação, o Compass foi o SUV médio mais vendido em setembro, com 4.415 emplacamentos. Ou seja, não veremos, pelo menos neste início, o Honda ZR-V se tornar líder de vendas entre SUVs médios.
Para quem procura espaço interno, porte e uma boa lista de equipamentos, o ZR-V é uma opção bem interessante. Especialmente por contar, também, com a confiança da marca Honda, que é reconhecida no mercado brasileiro - e sempre um argumento de venda muito forte.
Agora, se a proposta é ter um SUV médio com foco na performance, há muitas outras opções à disposição. A escolha está nas suas mãos.