O som de um enorme deslocamento de ar avisa que o I-Pace vem com vontade pela reta principal do Autódromo Velocittà. Aquele barulho lembra o prenúncio de uma tempestade apocalíptica. Não é o berro de um V8, mas impressiona até mais.
Como um raio, passa rápido e logo desaparece. O que se ouve em seguida é o cantar dos pneus curva após curva. Carro elétrico numa pista parece tolice, mas o Jaguar revela intimidade com a coisa.
A volta começa com uma recomendação no mínimo sacana: com o carro totalmente parado, afunde o pé no acelerador de uma só vez. Toda ação tem uma reação, mas esta é desproporcional e um 'palavrão' inevitavelmente é cuspido pela boca.
“O corpo é lançado contra o banco”, aquele clichê que todo jornalista automotivo tem por obrigação evitar se atualiza: “a cabeça é lançada contra o encosto com sério risco de um traumatismo craniano”.
Culpa dos instantâneos 69,6 kgfm do torque, gerado pelos dois motores, um em cada eixo. Tal disposição faz do I-Pace essencialmente um carro d e tração integral, o que dá pra notar pela estabilidade e segurança nas curvas.
Aos poucos, o motorista vai percebendo que basta uma leve inclinação do volante que o I-Pace se apoia na roda traseira externa e contorna as curvas com pinta de carro esportivo. Até sentimos a carroceria inclinar, mas isso é sinônimo de diversão, não de preocupação.
E se no final da reta beliscamos os 180 km/h, é porque são 400 cv à disposição.
Depois de duas voltas, a última é devagar. É quando notamos como o I-Pace é suave, dócil e luxuoso.
O volante não é sisudo como nos demais modelos da marca, tem ótima pegada e diâmetro certo.
A central multimídia traz o padrão, mais o status da bateria. E é simples de manusear e ler as informações. Um dos recursos interessantes é a intensidade da ação regenerativa dos freios: “baixa” deixa o freio-motor leve; “alta” aumenta a atuação e permite que em algumas situações o pedal do freio nem seja usado pra frear ou diminuir consideravelmente a velocidade.
O espaço é ótimo, os bancos são confortáveis, mas o do motorista dicaria melhor com um extensor de assento, mimo que muito carro custando a metade tem. E a visibilidade traseira não é das melhores, prejudicada pelo estilo.
Mas quem liga, quando se está diante de um divisor de águas da história do automóvel?
A BMW espalhou recarregadores e até abriu um corredor de postos de reabastecimento de elétricos entre Rio e São Paulo. A Volvo tem 250 postos. E a Porsche vai vender o Taycan com o recarregador junto.
E como fica o I-Pace?
Quem pagar os R$ 449.190 pelo veículo deverá desembolsar mais R$ 13.000 por um carregador de 7,4Kwh e outros R$ 2.151,23 pela instalação na residência, no trabalho ou na casa de veraneio.
Contudo, a Jaguar acredita que os cerca de 100 postos montados nas concessionárias da marca, mas os públicos (em shoppings e afins) atenderão a demanda do cliente, que tem a seu favor ainda uma autonomia de até 480 km.
Diretor de Marketing da empresa, Paulo Manzano afirmou que “outros pontos, fora da concessionária, estão em estudo, mas ainda não confirmados”.