O mercado reagiu bem no mês passado e as previsões para o fechamento de 2024 foram até revisadas para cima pela consultoria Bright (Anfavea, só na próxima semana). Foram 12.674 emplacamentos por dia, volume 16,9% superior aos 10.843 de outubro, maior ritmo até então. O fechamento do ano deve totalizar em torno de 2,5 milhões de unidades entre veículos leves e pesados. A Fenabrave acredita em um pouco além isso.
As vendas diretas representaram, até agora, 51,81% do total nos 11 primeiros meses deste ano. É preciso observar que, além das locadoras, muitos profissionais liberais ajudam nessa estatística. São pessoas físicas optantes por um preço mais favorável ao usar seu CNPJ.
Os fabricantes costumam oferecer descontos maiores para este segmento, em particular quando o mercado permanece longe do auge de 2013. Outra observação é quanto ao crescimento dos registros em Minas Gerais. Este Estado responde por 24,7% dos emplacamentos totais em razão de grandes locadoras receberem incentivos para tal. São Paulo representa 27,6%, ainda maior, porém aquela ressalva segue como referência.
Curiosamente as diversas marcas da China juntas detinham 6,7% de participação total em outubro e caíram para 4,6% em novembro. Elas estão concentradas em elétricos e híbridos, e têm pouca presença nos híbridos básicos (semi-híbridos).
Previsões apontam que as chinesas devem fechar com 7% este ano e 11% em 2027, e que cresceriam cerca de 1,3 ponto percentual por ano, abaixo do que se estimava.
Já a cidade de São Paulo deve aprovar a ampliação até 2030 da isenção do rodízio e a devolução de sua quota-parte (50%) do IPVA para proprietários de modelos híbridos, elétricos e a hidrogênio. Um estímulo especialmente aos semi-híbridos, que conseguem em média até 7% de economia de combustível apenas no uso urbano.
Na coluna anterior pontuei as várias notícias que assolam a indústria automobilística mundial em uma tumultuada e hesitante migração de tecnologia de motores térmicos para elétricos. Agora o impacto foi a renúncia de Carlos Tavares do comando mundial da Stellantis.
O cenário geral internacional já era confuso quando a empresa franco-ítalo-germano-americana, com antecedência de um ano, anunciou estar em busca em busca de um sucessor para o executivo português. Ele veio alguma vezes ao Brasil e sempre demonstrou firmeza de posições e ideias.
No Brasil, o Grupo Stellantis vai bem. São cinco marcas – Fiat (líder de mercado), Jeep, Citroën, Peugeot e Ram – que, somadas, representam 30% da comercialização de veículos leves.
Atritos com fornecedores, concessionárias e sindicatos na Europa e nos EUA foram a causa principal da saída prematura de Tavares. Porém, continuam notícias preocupantes ao redor do mundo. Greves agravam ainda mais a situação, muito em razão de açodamento dos governos de países centrais - que planejaram e ainda planejam mal a transição energética ou motivadas por divergências e dúvidas sobre a velocidade das mudanças.
Sindicatos paralisaram nove fábricas da Volkswagen na Alemanha por algumas horas em protesto contra possível fechamento de três unidades fabris. As vendas da Tesla na China caíram pelo segundo mês consecutivo, apesar de aumento nos subsídios do governo a elétricos (VE).
A GM aliena uma de suas quatro unidades de produção de baterias por fraca demanda de veículos elétricos. A BYD teve crescimento quase zero na China em outubro, apesar de sua posição altamente dominante.
Fabricante sul-coreana de baterias, a LG pede energia mais barata na União Europeia para enfrentar concorrência chinesa. A transformação para veículos elétricos na Alemanha pode custar 186 mil empregos até 2035. O avanço chinês é parcialmente culpado pela perda imediata de 50 mil empregos de fabricantes de autopeças na Europa e há planos de fechamento ou venda de fábricas.
O diretor financeiro da Nissan deixa o cargo, enquanto a empresa enfrenta uma série de desafios. No momento sem previsão de melhoras neste quadro bem difícil, embora uma guinada em direção aos híbridos já esteja em curso.
Em sua quarta geração, o Equinox vem do México (isento de imposto de importação) e estreia nova plataforma um pouco mais larga, além de visual renovado. O SUV médio-grande Equinox tem coincidentemente a mesma distância entre eixos (2,73 m) do venerável sedã Omega. Outras dimensões: 4,66 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,71 m de altura, e porta-malas para 469 litros. O assoalho traseiro plano garante conforto para as pernas e pés de quem ocupa o banco traseiro.
Há versões Active e RS, esta com teto preto e para-choque dianteiro diferenciado. O motor 1.5 turbo, a gasolina, rende 177 cv de potência (ganhou 5 cv) e 28,8 kgf.m. A novidade é o câmbio automático de oito marchas (antes, seis), e foi mantida tração 4x4. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,5 segundos. Segundo a Chevrolet, o Equinox ficou mais econômico: 9 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada.
No interior, destaque para a tela multimídia de 11,3 poleadas e para o sistema Google nativo, com Android Auto e Apple CarPlay, além de carregador sem fio para celular. Primeiro modelo da marca no Brasil com conectividade 5G (até 100 vezes mais rápida, a depender da infraestrutura), além da assistência remota OnStar.
A segurança está dentro do padrão do segmento: tem, entre outros, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e frenagem autônoma de emergência.
O primeiro contato foi em viagem a Campos do Jordão (SP) e um pequeno trecho de terra. No asfalto, suspensões calibradas para o conforto, embora ainda permita boa sensação de segurança em curvas. Desempenho limitado, em razão da massa de 1.678 quilos, todavia considerado correto para uso comedido e familiar.
O sistema de permanência em faixa de rodagem é bem calibrado. Estranho é o comando do limpador na alavanca à esquerda do volante. Bom apoio lateral do banco do motorista. No uso off-road, fora da vocação do carro, a visibilidade boa ajuda e a reação 4x4 é rápida. O preço, em ambas as versões, é o mesmo: R$ 267 mil.
A marca chinesa está no Brasil desde 2011, representada pelo Grupo SHC, agora focado exclusivamente na importação de elétricos. Decidiu estrear na ampla oferta de picapes médias a diesel ao trazer a Hunter, que tem dimensões acima das da Hilux e de todos os seus concorrentes.
Tem 5,33 m de comprimento, 3,11 m de entre-eixos, 1,99 m de largura e 1,92 m de altura. Pode carregar 1.400 quilos, 40% superior à média do segmento, com massa em ordem de marcha de nada menos que 2.040 quilos.
O motor entrega 191 cv de potência e 46 kgf.m de torque, algo desproporcional à capacidade de carga. O câmbio é automático ZF, de oito marchas. Contudo, dificilmente seria utilizada nessa condição utilitária e o importador decidiu apostar no preço e na garantia inédita: R$ 259 mil e oito anos, respectivamente.
Na primeira avaliação, de São Paulo a Atibaia (SP), deixou impressão imediata de robustez, embora, como se espera, à custa de algum conforto de marcha. O motor responde bem, mas não é uma picape que surpreende em agilidade. Exige certo nível de planejamento nas ultrapassagens em estrada.
A direção, apesar da assistência elétrica, é uma pouco pesada nas manobras, porém reforça a sensação de controle em terrenos difíceis. No off-road, tanto em 4x4 convencional quanto em reduzida, mostra eficiência e confiança em subidas e descidas íngremes. A distância elevada do solo e a robustez do chassi reforçam essa experiência de segurança.
A cabine, espaçosa e bem pensada, é desprovida de luxo ou pormenores refinados. Os materiais mais simples reforçam o foco utilitário do veículo. O layout funcional apresenta comandos fáceis de usar e uma posição de dirigir confortável. Apesar de o som do motor ser bastante perceptível dentro da cabine, fica dentro do esperado para picapes a diesel deste porte e massa.