Não é de hoje que a Porsche aposta em muita tecnologia embarcada e aerodinâmica aprimorada para criar carros capazes de atingir velocidades superiores a 300 km/h. Na década de 1980, a marca alemã chocou o mundo ao apresentar um dos superesportivos mais emblemáticos de todos os tempos.
O Porsche 959 era praticamente uma vitrine tecnológica do que a empresa viria a fazer nos anos seguintes. Ele foi criado inicialmente para participar do Grupo B de rali e teve cerca de 200 unidades homologadas para rodar em vias públicas para atender o regulamento da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
O 959 era construído a partir da plataforma do Porsche 911, aprimorada com o que havia de mais sofisticado na época. A carroceria monocoque, por exemplo, era feita de materiais nobres como alumínio e kevlar para a maior redução de peso possível (o modelo pesa menos de 1.500 kg).
Já o conjunto mecânico combina o sistema de tração integral e o câmbio manual de seis marchas ao motor boxer de seis cilindros opostos de 2.9 litros, que atinge os 450 cv de potência e 51 kgf.m de torque com o auxílio de dois turbocompressores.
Segundo os testes de desempenho da época, o Porsche 959 acelera de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos e atinge os 317 km/h de velocidade máxima. Números que impressionam até hoje, principalmente por se tratar de um carro de mais de 35 anos.
Além disso, ele é dotado de suspensões com dois amortecedores em cada roda e um sistema hidropneumático que ajusta a altura de rodagem em três níveis (120, 150 e 180 mm). O sistema conta com rebaixamento automático a partir de 150 km/h, para aumentar a estabilidade do supercarro em altas velocidades.
Apresentado pela primeira vez ao público no Salão de Frankfurt de 1985, o Porsche 959 era considerado o mais avançado, rápido e caro automóvel produzido em série do mundo. Apenas 345 unidades foram produzidas em todo o planeta, sendo que os compradores tinham de aguardar até dois anos para receberem o carro devido à complexidade de sua construção.
E um desses raros exemplares chegou recentemente ao Brasil. Um 959 na tradicional cor prata vem sendo flagrado pelas ruas de São Paulo desde o começo do mês. Rumores de páginas e perfis de redes sociais especializados em supercarros dizem que o 959 pertence a um empresário paulista que teria pago cerca de US$ 2 milhões, o equivalente R$ 10 milhões na cotação atual. Mas esse valor poderia ter superado facilmente os R$ 15 milhões considerando também todos os custos de importação, taxas alfandegárias, transporte etc.
Apesar de algumas fotos mostrarem o único Porsche 959 em terras brasileiras nas instalações de uma conhecida empresa de blindagem automotiva, os entusiastas podem ficar tranquilos porque o superesportivo não será “destrinchado” para receber a proteção balística.
Pouco tempo depois do lançamento do Porsche 959, a Ferrari apresentou, em 1987, um de seus modelos mais icônicos. Diferentemente do modelo alemão, a Ferrari F40 tinha uma concepção mais simplificada. Com o mínimo de equipamentos necessários para rodar nas ruas, o superesportivo italiano era equipado com um motor V8 biturbo de 478 cv. Foi inevitável, na época, a comparação com o Porsche 959.
Em 2018, o WM1 convidou o jornalista Bob Sharp para reencontrar o único exemplar da Ferrari F40 existente no Brasil. Confira no vídeo abaixo essa história emocionante:
Durante as décadas de 1970 e 1980, os modelos fora-de-série baseados em carros nacionais eram a alternativa para a proibição das importações. E o Volkswagen Fusca foi largamente utilizado como base para diversos projetos, sendo que um deles foi inspirado justamente no Porsche 959.
Na época com 16 anos de idade, André Cintra criou e construiu, em 1988, três exemplares do Fusca Cintra. Os carros tinham as carrocerias modificadas com peças de fibra de vidro que imitavam as linhas do Porsche 959, enquanto o motor boxer de quatro cilindros tinha a cilindrada aumentada para 1.800 cm³ e recebia um turbocompressor para elevar a potência.