Um dos carros mais antigos em produção (na mesma geração) no Brasil deu adeus. O último Volkswagen Fox produzido em São José dos Pinhais (PR) já está a caminho do acervo da marca alemã, também conhecido como Garagem VW, na fábrica de Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). Desta forma, chega oficialmente ao fim uma história de 18 anos.
Oficialmente porque desde a segunda quinzena de setembro corre nos bastidores de que a linha de montagem do compacto já havia sido interrompida. A informação partiu primeiro do site Autos Segredos no dia 21/9, mas, em nota, a Volks garantiu que o Fox continuava em linha. Mais de duas semanas depois, a montadora anuncia agora o aumento da produção do T-Cross no Paraná para dar uma aliviada na confirmação de que o hatch deixou mesmo de ser fabricado.
Projeto desenvolvido no Brasil, o Fox foi lançado em 2003 para diluir os custos da plataforma do Polo lançado um ano antes. Foi o carro que inaugurou o subsegmento que passou a ser chamado de hatches altos (depois vieram Renault Sandero e Chevrolet Agile), com teto elevado e sensação maior de espaço interno. Na gama da Volks, ficava posicionado entre o Gol e o Polo.
Mas ao contrário do que o slogan publicitário sugeria - "Compacto para quem vê, gigante para quem anda" -, o hatch sempre teve dimensões bem próximas às do Gol. Na fita métrica, o Fox tinha 3,83 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,54 m de altura e 2,46 m de entre-eixos
O carro chegou a ser exportado para o mercado europeu para ser o hatch de entrada da marca por lá. E também para o México, onde se chamava Lupo para evitar associações com o presidente do país, Vicent Fox - a propósito, Lupo era o subcompacto de entrada europeu da VW que seria substituído pelo modelo brasileiro.
O hatch teve diferentes opções de motores e muitas séries especiais. Na década de 2000, figurou sempre entre os 10 carros mais vendidos do país. Em 2006, deu origem à station-wagon compacta SpaceFox, feita na Argentina. Obviamente não escapou à onda de aventureiros, com o CrossFox, cheio de apliques de plástico na carroceria, suspensão elevada e pneus de uso misto.
Também não escapou da "chamada" do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, ligado ao Ministério da Justiça, que obrigou a marca a fazer um recall para corrigir uma falha no sistema de rebatimento dos bancos traseiros do Fox, que feriu dezenas de pessoas - oito tiveram os dedos decepados. A Volks pôs a culpa nos usuários, mas depois teve de convocar 477 mil unidades do hatch na marra e corrigir o defeito.
Coube ao Fox, em 2010, ser o primeiro a adotar a nova linguagem de design da Volks no Brasil. O hatch passou a ter faróis e grade retilíneos, padrão que seria replicado em todo o portfólio da montadora. Na linha 2015, novo face-lift, desta vez com elementos visuais inspirados no Golf VII.
Nos últimos anos, contudo, o Fox já dava sinais de que o fim se aproximava. Com a chegada do Polo e os preços mais competitivos do Gol, o hatch altinho passou a ter apenas duas versões de acabamento a partir de 2017, sempre com o velho motor 1.6 8V de 104/101 cv - configurações que perduraram até o fim de vida.
A perua SpaceFox deixou de ser produzida em 2019. Em 2020, o Fox deixou de ser vendido na Argentina e mesmo com novidades no modelo da Volkswagen na linha 2021, tudo levava aa crer que o hatch seria descontinuado este ano. Ao todo, foram mais de 2 milhões de unidades produzidas do compacto no Brasil.