A Volkswagen não apenas anunciou esta semana o lançamento do novo Polo para novembro, nem confirmou que o hatch, construído sobre a matriz modular MQB na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), dará origem a "pelo menos" três outros modelos - o sedã Virtus, que chega no primeiro trimestre do ano que vem, um SUV compacto e uma picape, que também serão montados na planta paulista. Somente para adaptar a linha de montagem para Polo e Virtus, a montadora investiu R$ 2,6 bilhões. As fotos neste texto são da versão nacional do hatch, ainda camuflada, e da europeia.
David Powels, presidente e CEO da filial brasileira da companhia, foi mais longe e disse, em entrevista para o WM1, que toda a linha atual da Volkswagen no país vai ser renovada nos próximos três anos e os todos os novos modelos também vão utilizar a MQB como base.
"Daqui a três anos, três anos e meio, nós vamos ter uma situação completamente diferente, nós vamos ter uma renovação completa do nosso portfólio de produtos. Todos os produtos nos quais vamos investir nessa região vão ser da matriz MQB", afirmou o executivo.
A sigla significa, da tradução do alemão, matriz modular transversal, indicando a posição do motor. Hoje, essa base é utilizada no Golf e no Polo, produzidos no Brasil, no Passat, importado, na segunda geracão do Tiguan, que chega em 2018 importada do México na versão de sete lugares, e também no Atlas, SUV de grande porte maior que o Touareg exclusivo para o mercado norte-americano. Logo dá para perceber uma das suas vantagens: permitir a produção de veículos de portes totalmente diversos, que podem compartilhar motor, transmissão e toda a parte eletrônica, especialmente no que se refere a recursos avançados de assistência à condução e segurança.
PULO DO GATO
O "pulo do gato" dessa matriz modular está na parte dianteira, que mantém a distância dos pedais até o centro das rodas da frente em todos os veículos baseados nela, mas permite entre-eixos variáveis e também balanços dianteiro e traseiro diversos - que são o prolongamento da carroceria para além dos eixos, que contribuem para determinar o porte do automóvel. Essa é a razão de o Polo, um hatch compacto, poder contar com painel digital e frenagem automática de emergência, itens anteriormente disponíveis no Golf e no Passat, modelos maiores e mais caros.
Da linha atual, além do Tiguan, o Jetta é outro carro que será construído sobre a base MQB e protótipos já foram fotografados recentemente sem camuflagem, indicando que o lançamento está próximo. O sedã médio chega no ano que vem, mantendo a importação do México. O Jetta chegou a ser produzido em baixo volume e por período limitado em São Bernardo do Campo, mas voltou a ser 100% importado justamente para liberar espaço na fábrica paulista, agora dedicada a modelos MQB, além da Saveiro.
"Nós vamos lançar vários produtos novos, alguns desses produtos vão ser produzidos localmente e outros vão ser importados", apontou Powels na mesma entrevista. O Jetta é um desses importados, mas também deverão ser construídos veículos com a nova matriz na Argentina, onde hoje a Volkswagen já fabrica a Amarok e a Spacefox.
E GOL, VOYAGE, SAVEIRO E FOX?
Há cerca de um mês, durante evento para anunciar a transferência de 100% da produção de Gol e Voyage para a planta de Taubaté (SP), por conta da montagem de Polo e Virtus em São Bernardo, o presidente Powels já havia afirmado que a marca vai lançar "dois SUVs inéditos" nos próximos anos. Um deles é o compacto já confirmado, mas que não tem data oficial para chegar, e outro seria um utilitário esportivo de porte médio, a ser montado na unidade da Volks em Pacheco, na vizinha Argentina.
Enquanto todos os modelos inéditos que a companhia vai colocar no mercado local durante próximos anos serão MQB, os novos Gol, Voyage e Fox não deverão ser construídos sobre a matriz modular por conta de custos - a MQB se destina a modelos mais caros e sofisticados. Hoje, o trio é construído sobre a base PQ24, uma versão adaptada da matriz do Polo de quarta geração (a que está chegando é a sexta), e são grandes as chances de suas novas gerações, previstas para até 2020, virem com uma adaptação da base PQ12 do Up - que utiliza aços de alta resistência como a MQB e recebeu cinco estrelas em teste de impacto realizado pelo Latin NCAP.