Existe uma regra (oficialmente não declarada) na Honda: as gerações de número par do Civic costumam ser mais ousadas visualmente, enquanto as ímpares normalmente são mais tímidas na evolução. O conceito do novo Honda Civic 11 prova essa filosofia: com jeitão de "mini-Accord", o carro ficou mais sóbrio e, se vier com essa aparência na versão de produção, promete agradar a um público menos jovem, assim como fizeram a nona e a sétima gerações do modelo.
Isso é o que mostra o conceito revelado pela Honda dos Estados Unidos. Por dentro, o carro está mais limpo (e também menos ousado, parecido até mesmo com o arquirrival Toyota Corolla); na traseira, some o estilo fastback com caimento acupezado e volta o estilo três-volumes mais convencional, exatamente como faz seu concorrente. Quer ousadia? Espere pelo Civic 12.
Outra novidade anunciada pela marca japonesa com a apresentação do conceito chamado "Civic Prototype 2022" é o fim da variante cupê do modelo (hoje vendida no Brasil na configuração Si, importada do Canadá).
Mas isso não significa que o Si ou que toda esportividade do modelo vai morrer. De acordo com a empresa, as versões mais nervosas Si e Type-R continuarão sendo oferecidas - o próprio conceito, como se vê, tem todo o aspecto de ser um futuro Civic 11 Si pelas peças pintadas em preto, como as grades, rodas, retrovisores, pelo extrator e até pelo spoiler na traseira.
A cor laranja do protótipo (chamada Solar Flare Pearl, uma espécie de laranja brilhante), aliás, é outra novidade que remete à esportividade e que pode chegar à versão de produção - talvez somente para as configurações mais nervosas.
Apesar do caminho contrário no visual, a Honda garante que o Civic 11 vai continuar com o público mais jovem na mira por meio de um chassi "ainda mais esportivo, dinâmica mais divertida, motores mais poderosos e eficientes (em economia de combustível), recursos tecnológicos e avanços em segurança ativa e passiva".
Que recursos são esses? Na apresentação, a marca destacou que o novo Civic virá com uma versão renovada do Honda Sensing, sistema que engloba assistentes à condução como piloto automático adaptativo (ACC) e frenagem autônoma de emergência, maior rigidez de carroceria para absorção de impactos e até "novos tipos de airbag" - o que nos leva a crer que o modelo poderá ter a bolsa de ar central traseira, que estreou na nova geração do Fit.
Linhas sóbrias e horizontalizadas também podem ser observadas no interior, já que o painel do novo Honda Civic foi totalmente redesenhado e deixou de lado o formato mais conectado ao motorista. Por dentro também há uma nova central multimídia de 9 polegadas, flutuante, além de um quadro de instrumentos digital - o Civic atual tem uma tela de 7" integrada ao painel e instrumentos analógicos.
O volante também muda e fica mais parecido com o do Accord, enquanto as saídas de ar passam a ser unidas e mais finas, como as da parte do carona no HR-V.
Por ora nada foi revelado oficialmente pelo fabricante nesse aspecto. Mas especulações da imprensa norte-americana garantem que o motor 2.0 aspirado (flex aqui no Brasil) deve continuar nas versões de entrada e que o 1.5 turbo possa ser estendido para mais versões além da topo de linha Touring, inclusive com possibilidade de receber eletrificação (quem sabe em um sistema híbrido, como o rival Corolla).
Já o novo Honda Civic Type R deve manter o atual 2.0 turbo, mas também tem chances de receber um motor elétrico para se tornar híbrido e ficar ainda mais forte e eficiente.
Esta é a segunda geração do Civic desenvolvida nos EUA (também saiu de lá a nona). Por enquanto, nada de previsão de chegada ao Brasil. Vamos explicar: pelo cronograma tradicional da Honda, ele deveria chegar em meados de 2022, com produção nacional.
Mas rumores indicam que o sedã pode deixar de ser feito por aqui para abrir espaço para a próxima geração do HR-V, pelo cenário automotivo mundial de hoje, em que os SUVs dominam e conquistam cada vez mais o espaço dos sedãs médios - principalmente em nosso mercado.
A dúvida que fica é a seguinte: será que a Honda passaria a importar todas as versões do Civic e abriria mão da produção nacional de um carro de um segmento tão tradicional, onde seu modelo é o atual segundo colocado? Só o tempo vai responder.