Quem é minimamente antenado ao noticiário automotivo já deve ter ouvido falar do Kia Rio. A venda dele por aqui é especulada há quase uma década, mas agora o que era rumor virou realidade. O WM1 realizou test-drive no compacto e responde se a espera valeu a pena.
O hatch é importado de Pesquería, México, país com o qual o Brasil tem acordo de livre comércio. Esse fator foi decisivo para a chegada do modelo como opção mais barata do portfólio da Kia. A versão de entrada LX custa R$ 69.990, enquanto a completa, EX, sai por R$ 78.990.
A diferença no valor se dá somente por conta da entrega de equipamentos, uma vez que ambas configurações utilizam o mesmo motor. Aliás, ele é um velho conhecido: falamos do 1.6 flex de 130 cv (com etanol), que equipa algumas versões intermediárias do Hyundai HB20.
O pico de potência, que é de 123 cv com gasolina, é entregue em 6.000 rotações. Já o torque é de 16 kgf.m a 4.700 rpm com gasolina, e pode chegar a 16,5 kgf.m com etanol, em 4.500 giros.
Por trabalhar em altas rotações, não era de se esperar consumo de combustível dos melhores. O Rio faturou apenas nota “D” no índice do Inmetro. Com gasolina, o desempenho é de 10,5 km/l na cidade e 13,4 km/l nas rodovias. Os números mudam (e caem) para 7,2 km/l e 9,3 km/l, com etanol.
A transmissão também é única: automática de seis marchas, que pode ser gerenciada manualmente por meio da manopla do câmbio.
Por trazer o famigerado conjunto mecânico do HB20, o Kia Rio também não traz surpresas. É ligeiro nas rodovias, mas poderia ser ainda mais eficiente nas retomadas. Nestas manobras, o câmbio até parece do tipo CVT, por tardar nas reduções e jogar o pico de rotações lá para os 4.000 giros.
Por outro lado, o isolamento acústico é bom e proporciona conforto interno. Combina com o bom acabamento, repleto de peças de ótima qualidade, especialmente na versão mais cara, que tem detalhes em preto brilhante nas saídas do ar e acabamento mais macio no descansa-braço.
Algo que poderia ser aprimorado, ainda falando em termos dinâmicos, é a suspensão. Embora tenha perfil convencional (McPherson na frente e eixo de torção atrás), o acerto não foi calibrado para as ruas brasileiras. É verdade que o cenário mexicano é parecido com o nosso, mas o ajuste poderia ser um pouco mais macio.
O Kia Rio vem equipado de série central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque. Ela é compatível com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay e oferece ainda conexão via bluetooth com reconhecimento de voz, além de câmera de ré.
O modelo entrega também, em todas as versões, direção elétrica; volante multifuncional com regulagem de altura; controles de estabilidade e tração; sistema de monitoramento de pressão dos pneus; assistente de partida em rampa; dois airbags (obrigatórios) e acendimento automático dos faróis, além de vidros e travas elétricos.
O hatch vem ainda com rodas de liga leve de 15 polegadas. Segundo a Kia, a versão EX terá, em breve, opção por rodas de aro 17".
Atualmente, os diferenciais da versão topo de linha são ar-condicionado digital com função automática; grade com acabamento preto brilhante; revestimento de couro nos bancos, volante e na alavanca de transmissão; entrada USB para os bancos traseiros, além de luzes de uso diurno em LED, faróis com assistente de manobras e retrovisores com rebatimento elétrico e luzes de seta em LED.
Por conta do preço e do porte, o Kia Rio chega ao mercado como opção para brigar com as versões mais caras de Chevrolet Onix, Volkswagen Polo, Hyundai HB20, Toyota Yaris e Fiat Argo. O comprimento é de 4,06 metros, que chega perto dos 4,09 do Honda Fit, mas passa longe dos dos 4,16 m do Novo Onix.
Por outro lado, o espaço para ocupantes e bagagens é melhor aproveitada no Kia. O entre-eixos do Rio é maior (4,58 m, contra 4,55 m) e o mesmo vale para o porta-malas (325 litros contra 275 litros).
O Kia Rio chega ao Brasil em sua quarta geração. Tardou a ser importado devido à volatilidade do dólar e das constantes mudanças de regras de comercialização de veículos por aqui.
A demora fez com que o modelo chegasse defasado, diante dos avanços dos líderes do segmento de compactos.
Não que o Rio seja antiquado, porém ele não entrega nada de diferente. O HB20, por exemplo, tem sistema de frenagem automática, enquanto o Onix tem assistente de estacionamento e carregador de celular por indução.
De modo prático, dá para dizer que o Rio seria o perfeito concorrente destes modelos em suas gerações passadas, ou seja, ele seria o rival ideal para Onix e HB20 lá em 2015, por exemplo.
Desta forma, a novidade da Kia passa a ser atraente mais por ser uma opção à margem das montadoras tradicionais e por ter características do que convencionou-se chamar de hatch premium. A falta de equipamentos inovadores, no entanto, pode ser significante na disputa com os compactos nacionais.