Quando você é da alta sociedade, repetir roupa pega mal. Assim como não estar atualizado, seja com o último modelo de iPhone ou não ter conferido a coleção Louis Vitton na Champs Elysée. Entre os carros premium, isso se repete.
O Q3 já estava vintage demais em meio ao segmento. A segunda geração do SUV chega agora não só para renovar o guarda-roupa, mas também toda a tecnologia embarcada que o segmento de médios premium exige.
WM1 já havia tido o primeiro contato com o renovado SUV em novembro, durante expedição pela Chapada dos Guimarães, no coração do Brasil.
Na ocasião, porém, os modelos ainda não usavam o conjunto mecânico que viria para o Brasil. Tampouco estavam adaptados para nossas ruas.
Agora, dirigi o novo Audi Q3 importado da Hungria já ao gosto brasileiro. Foram mais de 200 km de São Paulo até a região da Serra da Mantiqueira.
Entre trânsito pesado, rodovias, curvas sinuosas e até partes de terra, ficou claro que o SUV já pode voltar a participar das rodas da high society.
Começamos nosso test drive com a versão topo de linha Black no pesado trânsito de uma típica e nublada manhã paulistana. Marginal Pinheiros engarrafada. O Q3 faz a tarefa ficar mais fácil com boa posição de dirigir.
Tudo bem que os bancos desta versão têm desenho esportivo, com abas firmes que não cansam o corpo. Mas o volante também oferece boa pegada e o painel e comandos são tranquilos de visualizar. O Q3 veste bem.
O motor é o mesmo da geração anterior, o conhecido 1.4 TFSI - que a Volkswagen usa em sua linha por aqui. Turbinado e com injeção direta, seus 150 cv conferem destreza ao SUV no anda e para da capital paulista.
Logo - quer dizer -... 50 minutos depois consigo alcançar o Rodoanel e a Rodovia dos Imigrantes para cortar caminho em direção à serra . Na estrada, o Q3 desenvolve bem, porém está mais para um carro de família.
E isso não é demérito nenhum. A suspensão está melhor calibrada que o forasteiro Q3 que dirigi em novembro, no Mato Grosso. Filtra bem os buracos - apesar dos pneus de perfil baixo - e passa firmeza em velocidades mais altas.
Só não espere aquele coice ao pisar forte no acelerador para uma retomada. O torque de 25,7 kgf.m está disponível cedo, nas 1.500 rpm, mas a força entra de forma dosada e gradual - não vai encostar suas costas no banco.
Esse trato de desempenho em nome do conforto é alimentado também pela caixa S-tronic. O câmbio automático de seis marchas faz mudanças sem trancos. Ao mesmo tempo, as trocas são ágeis e não há delays.
O suspiro de uma pegada mais esportiva surge no Audi Drive Select. O dispositivo que atua na direção, motor e transmissão tem cinco modos: off-road, dynamic, comfort, auto e individual.
A 100 km/h permitidos, o conta-giros marca abaixo das 2.000 rpm. Aciono o modo dynamic e o ponteiro imediatamente sobe para umas 2.300 rotações.
As respostas ao pedal do acelerador ficam mais rápidas, assim como as trocas da transmissão. A direção fica discretamente mais pesada.
Mesmo assim, a assistência elétrica poderia proporcionar uma direção mais direta. O volante tem certo atraso na comunicação com as rodas. Nada que assuste.
Pelo contrário, o novo Q3 está mais sólido que a geração anterior. Nas curvas, a carroceria torce dentro do esperado. Um alemão bem construído - apesar de essa frase parecer redundante.
Uma queixa recorrente dos donos do antigo Q3 era quanto ao espaço, principalmente no porta-malas. Pois bem, a Audi esticou bem o bicho.
O SUV cresceu 9,7 cm no comprimento e agora totaliza 4,48 m, além de 2,5 cm a mais na largura, com 1,84 m total. Isso permitiu um acréscimo de 70 litros no porta-malas, que agora recebe 530 l - colocamos três malas médias e três mochilas numa boa.
Ao mesmo tempo, os bancos de trás são corrediços e têm ajuste de inclinação. Com eles o máximo à frente e o encosto o mais reto possível, o volume salta para 675 litros.
Obviamente que nesta configuração não dá para viajar no banco de trás. Mas em condições "normais", o espaço ficou melhor, ajudado pelo incremento de 7 cm no entre-eixos (2,68 m). Até mesmo uma pessoa com 1,82 m fica à vontade.
O novo Q3 chega em três versões. O SUV parte dos R$ 179.990 na Prestige. Ela já vem bem recheada - veja mais abaixo a relação de itens de série de cada configuração.
A intermediária Prestige Plus começa em R$ 189.990. Já a topo de linha Black custa R$ 209.990 com bancos dianteiros elétricos, revestimento de couro Alcântara, teto solar, rodas com aros de 19", estacionamento automático, entre outros.
O Q3 Black pode alcançar R$ 125 mil com todos os opcionais. Entre eles, o controle de cruzeiro adaptativo com frenagem automática e o Audi Pre-sense, que prepara o carro para uma colisão: fecha vidros e tensiona o cinto de segurança.
O modelo já está à venda nas concessionárias e a Audi fará os Dias Q em diferentes cidades entre os dias 11 e 15 de fevereiro, com ações nas lojas.
Disponível em pré-venda desde novembro, o Q3 teve mais de 750 intenções de venda até meados de janeiro, segundo a marca.
O novo Q3 fica na faixa de seus rivais diretos. O BMW X1 custa entre R$ 200 mil e R$ 240 mil e o Volvo XC40 vai de R$ 178 mil a R$ 241 mil.
O caro leitor vai chamar a atenção para o Volkswagen Tiguan R-Line custa praticamente o mesmo que o Q3, só que usa motor de 220 cv e é mais equipado.
Pois é, mas ele não veste a grife das quatro argolas na grade. E isso faz toda diferença nas rodas da alta saciedade.
Seis airbags, controles de estabilidade e tração, assistente à partida em rampas, câmera de ré, ar-condicionado automático e digital, central multimídia (com tela de 8,8", Bluetooth, conectividade com Android Auto e Apple Car Play e quatro entradas USB), sensores de chuva e de luminosidade, Audi Drive Select, faróis full LED e rodas de liga leve de 17".
Recebe a mais painel configurável Virtual Cockpit, chave presencial, retrovisores rebatíveis eletricamente, pacote de luzes, porta-malas com abertura automática, espelho interno eletrocrômico, ar automático bizona com saída para o banco traseiro e rodas de 18".
Opcional: teto solar elétrico, por R$ 8.000.
Recebe a mais bancos esportivos com couro Alcântara, Park Assist, volante de base reta, teto solar elétrico, bancos dianteiros elétricos, acabamento preto brilhante na capa dos espelhos e nos para-choques, teto com revestimento de tecido escuro e rodas de 19".
Opcionais: controle de cruzeiro adaptativo com frenagem automática e Audi Pre-Sense (R$ 8.000), pacote de luzes (R$ 3.500) e revestimento de couro Alcântara no painel e portas (R$ 4 mil).