Nunca os chineses compraram tantos carros chineses. Os clientes do país asiático já não estão pensando duas vezes ao trocar automóveis de marcas premium ocidentais e japonesas pelos produtos da indústria local. Foi de olho nesse cenário preocupante que a Audi resolveu agir e criar a submarca AUDI (em maiúsculas mesmo).
Olhando por cima, parece uma simples troca de minúsculas por maiúsculas. Mas isso representou uma mudança completa para a marca alemã. Começando pelo sumiço do tradicionalíssimo logo das quatro argolas, o objetivo dessa nova AUDI será comercializar carros elétricos produzidos na China e pensados para os chineses.
Essas diretrizes ficam bem claras no AUDI E Concept, o primeiro carro-conceito dessa submarca chinesa. Um elétrico desenvolvido pela Audi - a das quatro argolas - em parceria com a montadora local SAIC.
A AUDI E Concept é uma shooting brake de porte grande - são 4,87 metros de comprimento, 1,99 m de largura e 1,46 m de altura, além do entre-eixos de 2,95 m. De certa forma, pode ser confundido com alguns outros carros chineses premium, como o Zeekr 001 que estreou recentemente no Brasil.
Do desenho da carroceria ao interior com pegada futurista, passando por um um painel com enorme conjunto de telas panorâmicas - equipadas com o sistema operacional próprio AUDI OS -, fica bem claro que o AUDI E Concept é muito mais um carro chinês do que um Audi "original".
O DNA Audi está mesmo é no conjunto mecânico: são dois motores elétricos, com potência combinada de 775 cv e tração integral. Com isso, esse AUDI E acelera de zero a 100 km/h em 3,6 segundos.
Equipado com uma bateria de 100 kWh e uma arquitetura elétrica da 800 Volts, o AUDI E pode rodar até 700 quilômetros com uma carga (ciclo CLTC) e é compatível com carregadores ultrarrápidos, que possibilitam 370 quilômetros de alcance em 10 minutos de recarga.
Das marcas europeias de luxo, a Audi é talvez a que tenha a relação mais antiga com o público chinês. Os primeiros carros da marca alemã feitos por lá, no início dos anos 1980, foram o Audi 100 e a sua variação mais luxuosa 200.
Carros exclusivíssimos e montados pela marca local FAW, numa época em que ter qualquer automóvel particular era um luxo impensável para boa parte dos chineses. Tanto que acabou destinado praticamente apenas ao uso dos oficiais do governo.
Além dos carros originais, os chineses desenvolveram e produziram - até meados dos anos 2000 - diversas variações locais do Audi 100, incluindo limusines com o logo da marca local de luxo Hongqi e sedãs combinando a carroceria original com motores de origem Chrysler.