Agora é oficial: a GMW já pode, se quiser, vender o "Fusca chinês" aqui no Brasil. A marca ganhou na Justiça o direito de emplacar o modelo por aqui, embora ainda não o confirme oficialmente.
A empresa, aliás, afirma que por enquanto não há planos. "Por um posicionamento global, temos de ter sempre disponível a possibilidade de comercializar qualquer produto de nossa linha em qualquer mercado do mundo", deixou claro a empresa para o jornal O Globo.
Elétrico, o "Fusca chinês" da GWM é conhecido mundialmente como Ora Ballet Cat. O modelo foi apresentado como conceito no Salão de Xangai de 2021 e registrado, naquele mesmo ano, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) - apesar disso, vale dizer que o registro não confirma obrigatoriamente o lançamento do produto.
Mas o que rolou? Em resumo, a Volks não gostou da possibilidade de ver um carro que "homenageia" um dos maiores ícones da sua história, o Fusca, nas mãos de outra empresa.
"Homenageia" entre aspas, porque esse caso (e de muitos outros plágios feitos por marcas chinesas) merece explicação: na China, a "cópia" de um produto feita por outra empresa não é vista como algo pejorativo, e sim como homenagem. Algo como: "aquele produto é tão bom que faremos um igual".
Na época da repercussão do Ora Ballet Cat, cerca de três anos atrás, a Volks chegou a entrar com uma liminar em caráter de urgência para impedir o registro - esse pedido foi acatado, mas só valeu até o mês passado, quando a GWM conseguiu revogá-lo.
A Volks já está ciente da anulação obtida pela GMW e também já entrou com novo recurso de suspensão, mas este ainda não foi julgado.
No recurso, a marca diz que o Ora Ballet Cat é "uma cópia escancarada do icônico Fusca, como se não houvesse leis no País que salvaguardassem os esforços alheios e vedassem a concorrência desleal e parasitária e a associação indevida".
A GMW, como explicamos, não nega a inspiração. "Por óbvio que, desde então, os demais players trabalham em novos e aprimorados designs de automóveis, inclusive considerando aquilo deixado de legado para o estado da técnica - e a fim de ser aproveitado e melhorado pela sociedade - pelas autoras [nesse caso, a Volkswagen do Brasil]", respondeu a empresa chinesa no processo.
Nenhuma das duas empresas se manifestou publicamente a respeito. Até agora.
Veja nas imagens como o Ora Ballet Cat se parece com o Fusca. Mas a inspiração é só no desenho, já que o carro é bem maior: são 4,40 metros de comprimento, 1,88 m de largura, 1,63 m de altura e 2,75 m de entre-eixos.
Um Fusca original - e aqui falamos daquele último, que foi vendido no Brasil até 2017 - tinha 4,28 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,49 m de altura e 2,54 m de entre-eixos.
Um antigo - vamos considerar o Itamar, um dos últimos da primeira geração que foi feito no Brasil - tinha 4,05 m, 1,54 m, 1,50 m e 2,40 m, respectivamente.
Por ser maior, note que o "Fusca chinês" da GMW tem quatro portas. São três opções de motorização, todas 100% elétricas: um motor de 174 cv; um outro mais forte, com 300 cv; e um conjunto com dois motores, na versão topo de linha, que entrega até 544 cv.
A autonomia do Ora Ballet Cat varia entre 400 e 500 quilômetros, mas isso de acordo com o ciclo chinês.
Há itens bizarros e infelizes na cabine, vale dizer. Um chama-se "Lady Driving" ("mulher ao volante" na tradução literal): o dispositivo aumenta a atuação do piloto automático. Não merece nem comentário.
Outro, chamado "Warm Man Mode" (ou "Modo homem quente"), liga o aquecedor dos bancos para, em teoria, aquecer a região lombar da motorista do sexo feminino e reduzir seu desconforto em períodos de menstruação - como se os bancos fossem homens criados para acabar com as cólicas. Complicado, né?