Jeep Legacy: o legado da marca é nas trilhas

Participamos do evento da Jeep para celebrar 82 anos de evolução técnica da marca, que nasceu durante a 2ª Guerra

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André Deliberato
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Em novembro deste ano a reportagem da Webmotors participou do primeiro "Jeep Legacy" da história. Foi um evento organizado pela fabricante em Brotas (SP) para celebrar os 82 anos de tradição e evolução tecnológica da empresa, que nasceu em 1941.

Foi incrível. Vimos e vivenciamos, lado a lado, em fila, praticamente todas as gerações do Jeep que já foram feitas, do Willys CJ aos modelos atuais, como Wrangler, Commander, Compass, Renegade e cia.

Jeep Legacy Jeep Cj3a
O Jeep CJ-3A foi o modelo criado para o publico civil depois da 2ª Guerra. "CJ" é a sigla de "Civilian Jeep"
Crédito: Divulgação
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Também estivemos ao lado do primeiro homem a cruzar toda a América de carro (indo e voltando do Brasil ao Canadá), Hugo J. Vidal, hoje com 89 anos.

O evento nasceu justamente para celebrar a história de uma das mais tradicionais empresas de automóvel norte-americana, que nasceu com produtos feitos por empresas diferentes - o Willys já foi fabricado pela Ford, por uma empresa chamada Bantam e pela própria Willys-Overland.

De onde vem o nome Jeep?

Quando a Segunda Grande Guerra começou, o Governo dos Estados Unidos abriu uma espécie de "leilão" e criou uma concorrência para que alguma empresa pudesse criar um veículo robusto e com extrema capacidade no 4x4.

A Willys-Overland levou a disputa e um jipe chamado MB passou a ser feito em Toledo, no estado de Ohio. Ele também recebeu uma espécie de padronização para que a Ford - que já era uma das maiores fabricantes do país - pudesse fazê-lo em suas fábricas.

Já o nome "Jeep" veio em seguida, pois o utilitário era chamado pelas iniciais de "General Purpose", que em inglês soa como "Jeepãr". Em português, na tradução, o termo correto a ser utilizado é de "Uso Geral". Faz sentido, não faz?

Lado a lado os modelos Wrangler, Rubicon e o clássico CJ-5: passado e presente da Jeep
Crédito: Divulgação
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A Guerra acabou e aí a Willys manteve a fabricação do jipe, agora com uma vertente pensada para o púbico civil, e não militar. Foi daí que veio o CJ - de Civilian Jeep - que você identifica visualmente como um jipinho pequeno, algo que hoje é fisicamente menor até que um hatch compacto. É uma graça ver de perto.

Lá fora, o Jeep CJ foi feito por uma empresa chamada Kaiser, depois pela American Motors Corporation (AMC), depois pela Renault e por fim pela Chrysler, até se tornar uma empresa independente do grupo Daimler-Chrysler e, consequentemente, dos Grupos FCA e Stellantis.

A prova de que a Jeep existe desde então é justamente essa corrente de grupos que construiu o modelo ao longo das décadas: como os produtos eram muito bons, ele nunca deixou de existir.

Hoje, Compass e Commander lideram seus respectivos segmentos no Brasil. O Renegade, atualmente o menor modelo que a marca oferece em nosso mercado, também já foi o carro mais emplacado de sua categoria.

E no Brasil?

Aqui no país a história da Jeep começou em 1947 - no Rio de Janeiro, pelas mãos da Gastal. Um ano depois, em São Paulo, veio a Jeepsa, que depois se transformaria na Agromotor, já em 1949.

Alguns anos depois surgiria a Willys-Overland do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), que também chegou a fabricar o SUV Rural, que depois passaria a ser um produto da Ford.

Foi a Ford, aliás, que comprou no final dos anos 1960 a filial brasileira da Willys - tanto que o CJ-5, o Civilian Jeep de quinta geração, só deixou de ser feito em 1983, quando a Jeep oficialmente se afastou do nosso mercado.

Brincadeiras na trilha: será que os Jeep atuais aguentam o mesmo tranco que os antigos?
Crédito: Divulgação
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Retorno nos anos 1990

A volta, como é de se imaginar, aconteceu após a abertura para importações implementada pelo então presidente Fernando Collor, em 1990. Naquela ocasião, a Jeep voltaria com produtos importados, agora sob domínio da Chrysler. Hoje, quem faz os principais produtos que a empresa emplaca em solo nacional é o pólo automotivo de Goiana (PE).

Trilha é coisa de Jeep

A empresa celebra os 82 anos com um personagem incrível: Hugo Juan Vidal, uruguaio quase brasileiro, que em 1955, no auge de seus 19 anos, decidiu ir, ao lado de dois ̶d̶o̶i̶d̶o̶s̶ amigos, de São Paulo ao Alasca, nos EUA.

Aqui, vale lembrar que naquela época o mundo passava longe de ser digital. O mapa era de papel, não havia celulares, computadores ou aplicativos e o desafio por conta disso era obviamente milhares de vezes maior.

E eles conseguiram. O registro virou um livro, que este repórter que vos escreve ganhou e guardará com muito carinho. Eles estavam a bordo de um CJ3B, conhecido popularmente como "Cara de cavalo", feito em São Bernardo do Campo. O carro era da Agromotor, que você já deve conhecer se chegou lendo até essa parte do texto.

Os três eram escoteiros e saíram de São Paulo com outro destino: participar da sétima edição de um evento de escotismo chamado Jamboree, que seria realizado no Canadá. Segundo Vidal, a "esticada" até o Alasca foi definida na volta. Coisa rápida.

A picape Gladiator é um dos atuais modelos Jeep que mantém a fama de valentia no off-road
Crédito: Divulgação
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O livro evidencia o poder dos carros da Jeep - desde aquela época - no uso fora-de-estrada e explica como é o dia a dia de um trilheiro. O nome "Operação Abacaxi - Flashes de uma Aventura" tem explicação: de acordo com Vidal, "abacaxi" no Brasil remete a algum tipo de problema. E os três - que foram patrocinados por 25 empresas do ramo para fazer a viagem - queriam provar que as peças usadas na fabricação do Willys CJ3B eram confiáveis, e não... "abacaxis".

Vale demais a leitura. Você viaja com os escoteiros até o Canadá por um texto delicioso de ler e por fotos de acervo pessoal dos três. Conforme dito no livro, o rolê durou um ano e 12 dias, de 2 de abril de 1955 a 14 de abril de 1956. Foram 72.985 quilômetros, 19 países, 11 pneus furados, uma capotada na Nicarágua e algumas panes secas - uma na Times Square, em Nova York.

O custo da brincadeira? Na época, quase US$ 5 mil (cerca de R$ 22,5 mil). O CJ3B que levou a turma usava um motor Hurricane de quatro cilindros - sim, o "avô" do conjunto que hoje é utilizado pela RAM Rampage. O SUV teve cerca de 155 mil unidades fabricadas até 1968 e até hoje é considerado o primeiro carro "global" da empresa.

A pergunta que deixo no final dessa história é a seguinte: você, caro amigo e leitor do WM1, acha que um Renegade, um Compass ou um Commander conseguiria ir de São Paulo ao Alasca nos dias de hoje com os recursos que o trio levava no porta-malas naquela época? Acredita que o legado da Jeep é nas trilhas?

Deixe sua opinião nos comentários!

Serviço

Livro Operação Abacaxi - Flashes de uma Aventura

https://www.americanas.com.br/produto/2612608885

R$: n/d

Editora Overlander

Autor: Hugo J. Vidal

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