A história do Etios no Brasil não é tão longa, mas foi marcante. Lançado no final de 2012, o modelo compacto chegou a ser o 12º carro mais vendido do Brasil e teve que passar por diversas alterações depois de muita polêmica a respeito de seu visual e formato da cabine.
Você lembra como foram esses nove anos? Abaixo, preparamos uma linha do tempo e vamos contar a história do modelo mais barato que a marca japonesa já vendeu por aqui, apontando acertos e deslizes que a fabricante cometeu durante a vida do carro por aqui.
O carro estreou em nosso mercado em setembro daquele ano, depois de fazer alguns meses de "clínicas" em shoppings e alguns eventos da Toyota. Nessas chamadas clínicas (eventos prévios de demonstração do produto para colher feedbacks de possíveis compradores), a resposta dos clientes não foi tão positiva quanto a marca esperava - houve muitas críticas por conta do design.
O carro foi lançado em carrocerias hatch e sedã, com motores 1.3 e 1.5 aspirados, que tinham duplo comando de válvulas no cabeçote e variador de fase na admissão, mas sem turbo ou qualquer tipo de sobrealimentação. O câmbio era sempre manual de cinco marchas. O preço inicial (do hatch) era de R$ 29.990, mais barato que o Hyundai HB20, também lançado naquela época.
Apenas um ano depois do início da história do Etios, a Toyota apresentou mudanças para o modelo em 2013, já para a linha 2014. Nelas, o carro ganhava um novo painel de instrumentos, "um de seus maiores deslizes" nas palavras de proprietários. Isso porque no projeto original o cluster central analógico era escuro e tinha difícil leitura em dias de muito sol.
Para resolver essa reclamação, a Toyota decidiu colocar no veículo um painel de instrumentos com melhor visibilidade e fundo na cor azul, com iluminação mais forte e até luzes em LED. O volante também ganhava uma base achatada em versões mais caras.
Na mesma linha 2014, mas ainda em 2013, a Toyota lançou o Etios Cross, a versão com design e proposta aventureira do hatch compacto que trazia um visual ainda mais polêmico do que o da versão convencional. Não fez tanto sucesso e deixou o nosso mercado em 2018, cinco anos depois.
Em junho de 2014, como linha 2015, foi a vez de a Toyota arriscar uma versão mais luxuosa, completa e refinada do modelo, com sobrenome Platinum. Nessa fase de sua história, o Etios ganhou acabamento melhorado e uma porção de itens de série que eram opcionais nas mais baratas, como ar-condicionado e direção elétrica. Como diferencial, o Etios Platinum utilizava o volante do Corolla daquela época.
Na mesma atualização de linha, a Toyota adotou um medidor de combustível digital e novos revestimentos dos bancos e tecidos espalhados pela cabine. Na configuração mais cara, a Platinum, o carro recebeu até GPS nativo na central multimídia e TV digital. Motores, até agora, eram os mesmos 1.3 e 1.5.
Poucas novidades na atualização de linha para 2016, feita em 2015. Na prática, as versões XLS e Cross receberam a mesma central multimídia que a Platinum, que a partir daquele momento permitia espelhamento da tela do celular por uma entrada HDMI - já que CarPlay e Android Auto, por Bluetooth, ainda não estavam disponíveis no Brasil.
Em 2016, quatro anos depois do início de sua história, o Etios recebeu mudanças maiores em todas as versões e até nos motores. Tanto o 1.3 como o 1.5 receberam comando duplo com variador de fase (portanto não mais só na admissão) e o aguardado câmbio automático, além de uma nova caixa manual de seis marchas no lugar da antiga, de cinco velocidades.
Ele se tornara, ali, um dos carros automáticos mais baratos do Brasil. Além disso, calibração de direção e até ajustes nas suspensões foram feitos para melhorar a parte acústica do modelo. Por fim, o famigerado painel de instrumentos analógico azul dava lugar a um totalmente digital herdado do Prius e a versão Platinum recebia retoques no design.
No primeiro mês de 2017 a Toyota fazia novamente alterações no Etios. Só uma explicação era plausível: a até então nova versão Platinum remodelada no final do ano anterior serviu como uma espécie de "clínica" para aceitação do público para que, justamente, o novo desenho externo do carro pudesse ser lançado no país - exatamente o que aconteceu em janeiro.
Mas as mudanças não foram apenas visuais. As configurações XLS e Platinum, lá de cima, perderam a opção de câmbio manual e a Cross, aventureira, começou a perder força no mercado. As novidades, de acordo com a Toyota, aconteceram devido a pedidos dos clientes.
A chegada da nova linha demorou a acontecer, diferente do que rolou no ano anterior. E veio com novidades: todas as versões passavam a oferecer controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas como item de série. Além disso, foi nesta atualização que a configuração Cross deixou de ser oferecida.
Outra coisa: as versões XLS e Platinum receberam alguns novos detalhes externos, como saia lateral e rodas diferenciadas, mas suas vendas já começariam a ser prejudicadas pela chegada da família Yaris em junho.
Já em uma última investida - linha 2020, lançada em 2019 - o Etios perdia as versões mais caras e se manteve no mercado somente com as configurações X e X Plus, de tanto espaço que o modelo perdeu para o irmão maior. Não houve qualquer novidade no catálogo, apenas alterações de preço.
No ano passado o Etios completou seu último ano completo de mercado e cheio no Brasil. E ao menos teve uma novidade para contar: a versão X Plus, mais cara, recebeu nova central multimídia com espelhamento de celular como item de série e o acabamento preto brilhante do painel foi substituído por um fosco. Além disso, o Etios Sedan passou a oferecer kit GNV homologado pela Toyota.
A Toyota confirmou no começo deste mês o fim de produção do modelo, que teria unidades zero km em estoque até o mês de abril. Mas é importante registrar que o carro não vai deixar de ser produzido em Sorocaba (SP), de onde sempre saiu, já que ainda será fabricado para exportação. Em janeiro e fevereiro deste ano, o Etios vendeu apenas 588 unidades do hatch e 463 do sedã.
Mas nem tudo é notícia triste: o local onde era feito abriu espaço para o nascimento do Corolla Cross, SUV médio da empresa que surgiu para roubar clientes do Jeep Compass, o grande líder dessa categoria, e do Volkswagen Taos, outro importante competidor do segmento de utilitários que estreia em breve em nosso mercado.