– A geração de veículos a gasolina equipados com injeção eletrônica de combustível direta ainda é novidade no Brasil, mas as primeiras unidades timidamente começam a frequentar as oficinas independentes, com problemas que demonstram que ainda há falta no fornecimento de informação técnica por parte das fabricantes no mercado, fato que poderá “queimar” o modelo num curto espaço de tempo caso nada seja feito.
O Passat avaliado possui o motor de 2-0 litro naturalmente aspirado, 16 válvulas, com 150 cv de potência, gasolina, com 109 mil km rodados, ano 2006 modelo 2007 com câmbio automático Tiptronic de seis velocidades a frente mais a marcha a ré. A avaliação do veículo deste novo cliente foi efetuada na oficina Cobeio Car, pertencente ao Conselheiro José Claudio Cobeio. “Esta versão do Passat FSI possui alta qualidade nas peças e componentes, mas se reparado por pessoal que ignora as especificações e prazos para as respectivas trocas, rapidamente tudo estará perdido”, comenta Cobeio.
Histórico
Comercializado no Brasil desde 2006, a versão 2.0 FSI naturalmente aspirada durou apenas dois anos, e cedeu lugar a 2.0 FSI Turbo de 200 cv no final de 2007. Aliás, a sigla FSI significa Fuel Stratified Injection, ou injeção de combustível estratificada. Ela é estratificada, pois a injeção convencional o qual estamos habituados costuma abrir um único e contínuo leque a cada ciclo, mas nesta versão é diferente, pois a ECU ordena que existam várias injeções fasadas por ciclo. Isto é necessário devido o bico injetor ficar alojado no cabeçote, com a ponta de saída dentro da câmara de combustão, como nos motores a diesel modernos. Por isso ela é considerada também uma injeção “direta”.
Aliás, este sistema difere dos demais veículos a gasolina, pois a pressão de injeção varia de 40 a 120 bar na linha de alta e 4 a 6 bar da linha de baixa. O modelo em questão foi comprado 0 km no estado do Rio de Janeiro e não demorou muito tempo para que um kit GNV de 5ª geração fosse instalado. Os coletores foram perfurados para adaptação dos bicos individuais que compõem o kit, porém quando a Cobeio Car recebeu o veículo pela primeira vez para a correção de uma “falhação”, foi percebido no momento da desmontagem que os orifícios estavam parcialmente abertos, com má vedação, visto o kit GNV ter sido removido pouco antes, em outra oficina.
Um fato que chamou a atenção de Claudio Cobeio foi à dificuldade em conseguir remover os bicos injetores de combustível, que literalmente grudaram no cabeçote. Mesmo após deixá-los de molho por mais de 24 horas em solução descarbonizante, um dos bicos teve a ponta danificada no ato da remoção. Os outros três saíram intactos, porém com muita dificuldade. “Se com o cabeçote desmontado já foi um sacrifício retirar os bicos, fico imaginando o reparador que tiver que fazer o serviço com ele montado. É praticamente impossível”, comenta Cobeio. Portanto oriente o seu cliente antes de efetuar o serviço que poderá ocorrer de ser necessária a compra de um novo bico.
Check-list
Para orientação e seqüência dos principais itens a ser revisados, o Check-list da Agenda do Carro foi utilizado. Ele está disponível gratuitamente para download aqui.
Motor
De concepção moderna, o motor FSI consegue oferecer superior economia de combustível se comparado a outros que utilizam sistemas de injeção convencionais. Segundo a montadora é possível economizar até 10%, sem sacrificar o desempenho.
Como o Passat atual compartilha a mesma plataforma do Audi A4, é possível perceber que o ‘nível subiu’, com alta tecnologia embarcada e qualidade ímpar das peças internas. Mas nada adianta se o reparador não tiver bom censo e conhecimento para cuidá-lo, a exemplo da unidade avaliada, que ‘sofreu’ após adaptações passadas.
Ao abrir o motor foi constatada alta concentração de borra de óleo devido o prazo para troca ter sido ignorado e ultrapassado.
O conselho editorial recomenda a troca do óleo do motor no prazo máximo de 5 mil km, independente se o veículo roda mais na estrada ou na cidade. Existem cinco especificações originais Volkswagen para este veículo. Elas são: VW 500 00, VW 501 01, VW 502 00, VW 503 00 e VW 504 00, num total de 5,3 litros com a troca do filtro. Lembre-se de “pegar leve” no momento de apertar o bujão, visto o cárter ser de alumínio e poder espanar com facilidade.
A bomba de óleo também teve de ser limpa, pois os orifícios de entrada pescador e saída estavam parcialmente entupidos. “Este motor não ia muito longe se não fosse feito a limpeza mecânica”, arrisca Cobeio, após analisar os componentes.
Para compor o líquido de arrefecimento os reparadores poderão optar em aplicar 40% de aditivo 3,2 litros e 60% de água desmineralizada 4,8 litros para o total de 8 litros de todo o sistema. Com tal proporção para que haja congelamento será necessário que a temperatura ambiente seja inferior a – 25°C. Ele protegerá o sistema contra a corrosão calcária, ataque aos componentes metálicos internos e aumenta consideravelmente o ponto de ebulição fervura. A especificação recomendada pela Volkswagen é a G12 Plus ou TL-VW774 F de cor lilás.
Transmissão
A caixa de marchas ASG automática de 6 velocidades a frente mais a marcha a ré, com opção de troca manual Tiptronic apresentou funcionamento perfeito, isento de falhas, assim como os demais itens relacionados semi-eixos, juntas homocinéticas, alavanca seletora, entre outros.
Obs: as unidades atuais do Passat FSI versão 2.0 turbo possuem a transmissão DSG automatizada, também de 6 velocidades.
Suspensão e direção
Neste item o Conselho Editorial se dividiu, pois uns a aprovam e outros a reprovam. Opiniões a parte, ao analisar a unidade avaliada pudemos constatar que o conjunto suportou muito bem as vias brasileiras, pois diferentemente das versões anteriores, a versão FSI não utiliza mais o sistema multibraços na dianteira, como nas antigas versões 1.8 e 1.8 Turbo, as quais apresentavam limitada vida útil. Apenas as buchas de bandeja apresentaram início de fadiga nas borrachas.
Freios e undercar
Neste quesito o estado geral dos componentes foi satisfatório, com exceção apenas do tubo de escape que teve a solda rompida em uma das extremidades.
Obs: O freio de estacionamento possui o comando elétrico, com botão de acionamento ao lado do acendimento dos faróis.
Habitáculo
Um problema que se arrasta na linha de luxo da Volkswagen é a péssima qualidade da camada de borracha que reveste grande parte dos botões de acionamento do painel, vidros, entre outros. Com o tempo de uso ela “descasca”, deixando um visual nada agradável e comprometedor no momento da revenda do veículo.