Se você ficou impactado com o design do BMW iX, então é bom se preparar para todo o conteúdo que o carro pode entregar. O primeiro SUV 100% elétrico da marca alemã tem grade autorregenerativa, a maior autonomia do mercado, além de um interior que mais parece uma sala de estar de alto padrão. O modelo chega às lojas em duas versões: xDrive40, que custa R$ 654.950, e xDrive50 Sport, tabelada em R$ 799.950.
O WM1 participou de um evento para conhecer os principais pontos de desenvolvimento deste modelo que é considerado o flagship da marca bávara. Isso quer dizer que ele entrega basicamente tudo o que de mais moderno a montadora pode oferecer.
Diante de tantos elementos, fica até difícil eleger um chamariz, mas o fato é que o duplo rim da BMW, cada vez mais gigantesco, tem papel mais prático do que estético. Isso porque a peça protege os sensores e radares essenciais para o funcionamento das tecnologias semiautônomas do carro. E, para que tudo ocorra bem, a grade é capaz de reparar pequenos danos por conta própria.
Por exemplo: se um cascalho ou uma pedrinha bater na grade durante uma viagem, ela consegue eliminar eventuais riscos. A “mágica” acontece devido a nanotecnologias com filamentos que funcionam como aquecedores que são capazes ainda de secar ou limpar a superfície a fim de que os sensores funcionem direitinho.
Diante dessa tecnologia, os faróis a laser de alta resolução perdem até a graça. O mesmo até poderia ser dito sobre a base do para-choque, não fosse a complexidade dos elementos, com destaque para o material em preto brilhante nas extremidades.
Nas laterais, ficam em evidência as maçanetas integradas, além das portas sem moldura para os vidros. Ao abri-las, percebemos ainda que há fibra de carbono até na base da carroceria e das colunas.
A linha de cintura dos vidros termina com uma subida abrupta até um elemento em preto brilhante na última coluna que carrega o nome do SUV importado de Dingolfing, cidade próxima à sede da marca, em Munique.
A traseira é minimalista, mas traz componentes inusitados. As lanternas são finíssimas e mudam de acordo com a versão. Já a tampa do porta-malas é larga e estende-se até a coluna. Mas o volume do bagageiro, que tem acionamento elétrico por botão e por sensor (para ser aberto com o pé), não é chamativo. Com 500 litros de capacidade, é bem mais tímido do que os 650 litros de um X5.
O conjunto de rodas também é complexo mas não tem acabamento fechado, como é o caso de vários modelos elétricos. Os pisantes são de 22 polegadas e têm desenho diferente para cada versão.
Os olhos permanecem arregalados ao entrarmos no habitáculo. É verdade que tudo chama mais atenção por conta da tonalidade avermelhada do couro que reveste painel, console e portas. Além do dito-cujo Castanea, existe a cor Amido, que nada mais é do que um tom de preto.
O ambiente é minimalista, mas cada elemento é impactante. Os botões de ajuste dos bancos, dispostos nas portas, são de cristal sem vergonha nenhuma de brilhar. O mesmo material enriquece os botões referentes à partida, câmbio, volume e gerenciador da central multimídia que ficam no console central, sobre um acabamento em madeira de reflorestamento.
Aliás, há materiais reciclados em boa parte da construção do carro. As tinturas que falamos há pouco têm base em extrato de Oliveira, por ser mais sustentável. Em contrapartida, o revestimento dos bancos continua com origem animal.
O volante é mero coadjuvante, mas também tem formato pouco usual. Só que o protagonismo fica por conta das telas digitais curvas que compõem central multimídia e painel de instrumentos. Elas têm 14,9 e 12,3 polegadas, respectivamente, mas parecem fundidas em um só componente.
Para poder falar sobre a capacidade dos displays, seria preciso um dia inteiro com o carro. Mas os poucos minutos dentro do iX já foram suficientes para perceber que os sistemas receberam otimizações profundas em relação aos atuais gadgets do BMW Group.
Aliás, a montadora afirma que os controles por gestos e por voz também foram melhorados. Este último funciona com base na internet. E o sistema já tem conformidade com a tecnologia 5G, ainda incipiente no Brasil.
O carro é tão conectado que tem a capacidade de armazenar e compreender o comportamento do motorista. O sistema analisa a rotina do usuário e tenta antecipar funções. Por exemplo: se o consumidor chega em casa sempre às 19h e abre o vidro para acionar o botão da garagem, o sistema entende esse comportamento e passa a abrir o vidro por conta própria. É daquelas coisas que lembram até a série Dark.
Mas isso não é tudo. O teto panorâmico não abre, mas tem uma tecnologia translúcida que remete à janela de aviões mais modernos. Isto é, basta apertar um botão para ele ficar claro ou completamente escuro.
Os bancos voltam a ser assunto, mas pela parte do entretenimento. Além de extremamente confortáveis e com design esportivo, abrigam alguns dos 30 alto-falantes do sistema de som da grife Bowers & Wilkins, que entrega 1.615 watts de potência. A sensação é tão incrível que a central multimídia já deveria ter aplicativos de streaming. Ir ao cinema para quê com um carro desses?
E como não poderia deixar de ser, o iX tem tecnologias avançadas de assistência dinâmica. O destaque é o piloto automático adaptativo que interfere na aceleração, frenagem e também no volante. Mas o SUV carrega ainda assistente de estacionamento autônomo, monitor de ponto cego, assistente de permanência em faixa e frenagem de emergência.
Quanto ao porte, falamos de um carro com comprimento de X5, altura de X6 e largura de X7. Ou seja, ele contempla todos os SUVS da BMW. Chamam mais atenção o comprimento de 4,95m e o entre-eixos de 3,00 m.
É muito espaço para as pernas. Como o assoalho é completamente plano, até quem viaja no meio vai numa boa. E outro detalhe relevante é que a parte estofada dos bancos traseiros envolve até as colunas do carro. Dá para ficar confortável até colado nas portas.
Outro ponto positivo que quase passa despercebido diante de tantos detalhes é que o iX tem ar-condicionado de quatro zonas. Há um display digital para que os passageiros de trás escolham a temperatura mais agradável.
Em um SUV recheado de recursos, a parte de desempenho ficou só para agora (até porque ainda não tivemos a oportunidade de guiar o modelo). Mas isso não quer dizer que os dados de performance sejam menos impactantes.
O BMW iX carrega dois motores elétricos, um em cada eixo. Os propulsores desenvolvem 523 cv e 78 kgf.m na versão xDrive50 Sport, que tem como exclusividade suspensão pneumática. A aceleração de 0 a 100 km/h é cumprido em 4,6 segundos, praticamente o mesmo tempo do Audi e-tron Sportback. Já a versão xDrive40 entrega 326 cv e sai da inércia rumo aos 100 km/h em 6,1 segundos.
Mas é no quesito autonomia que o iX se destaca. O carro tem o conjunto de baterias mais eficiente na comparação com os principais rivais, Audi e-tron e Mercedes-Benz EQC. Consegue rodar 630 quilômetros com uma carga completa, sendo o melhor do mercado. É autonomia de SUV turbodiesel.
O modelo já vem com dois carregadores. O cliente recebe um wallbox, aquele componente que é instalado na parede, que tem capacidade de 22 kWh. O outro aparelho é portátil e capaz de recarregar a bateria a 11 kWh.
Nesses sistemas, a estimativa é de que a recarga ocorra em 10h45. Já no modo mais rápido, em corrente contínua, é possível restabelecer 70% de energia em aproximadamente meia hora.
Todo esse conjunto de soluções faz do iX o modelo mais moderno da BMW no mundo. É possível ainda que seja um dos elétricos mais avançados em solo brasileiro. No preço de entrada, na casa de R$ 655 mil, o carro briga diretamente com os já citados SUVs da Audi e da Mercedes-Benz. Já na versão topo de R$ 800 mil, a briga fica equiparada com o Audi e-tron Sportback.