Após 18 anos e mais de 1,8 milhão de unidades produzidas, o Volkswagen Fox deixou de ser fabricado em São José dos Pinhais (PR) para liberar espaço na linha de produção ao SUV T-Cross. Concebido inicialmente para substituir o Gol, o hatch criou um novo segmento na gama de modelos da Volks com a sua proposta de carro compacto com ótimo aproveitamento do espaço interno.
O Fox foi idealizado por Luiz Alberto Veiga, designer brasileiro que também foi responsável pela primeira grande renovação do Gol (popularmente conhecida como geração Bolinha), em 1994. Para corresponder ao slogan “Compacto para quem vê, gigante para quem anda”, do lançamento da época, a principal característica do projeto do Fox era a carroceria pensada de dentro para fora.
Veja a reportagem em vídeo "O pai do Fox: conheça a história de Luiz Veiga na VW"
Em uma época em que as vendas de modelos populares no Brasil eram mais expressivas que atualmente, o Fox conquistou os consumidores pelo espaço interno mais generoso que o dos demais compactos e também por trazer novidades interessantes, como volante com comandos do sistema de som e banco traseiro corrediço para ampliar a capacidade do porta-malas.
A posição de dirigir mais elevada que a do Gol também foi um apelo de compra. O teto alto e o para-brisa mais afastado do motorista reforçavam essa sensação de amplitude interna do Fox.
Além da América Latina, o Fox também foi exportado para a Europa. O hatch foi o primeiro Volkswagen brasileiro vendido na Alemanha. Em terras germânicas, o compacto substituiu o Lupo. Por lá, era oferecido com diversas alterações em relação à configuração brasileira: acabamento mais caprichado, airbags de série, porta-luvas com tampa e até opção de teto solar.
O Fox era vendido na Alemanha com motorizações que não foram disponibilizadas no Brasil, as 1.2 e 1.4 a gasolina (esta última convertida para flex para equipar a Kombi brasileira na fase final) e a 1.4 a diesel.
O compacto estreou no mercado brasileiro, em 2003, nas versões City, Plus e Sportline, equipadas com motor 1.0 a gasolina de 72 cv de potência e 9,2 kgf.m de torque. Em 2004, o Fox passou a contar com a opção de carroceria de quatro portas e motorização 1.6 de 103 cv e 14,5 kgf.m (posteriormente atualizado com tecnologia flex, esse propulsor foi oferecido até o final de vida do Fox).
A primeira mudança visual antes da reestilização veio em 2008, com adoção do para-choque com grade superior sem pintura, do modelo exportado para a Europa. No mesmo ano, foi lançada a série especial Route, voltada ao público jovem. Em 2009, a primeira fase do Fox era encerrada com as séries Sunrise (de apelo mais aventureiro) e Black Fox (com visual mais esportivo), ambas equipadas com motor 1.0.
Ainda durante a primeira fase, em 2005, era lançado o CrossFox, variante que seguia a tendência de compactos com visual aventureiro. Ao hatch eram incorporados suspensões mais altas, para-choques com apliques plásticos que imitavam quebra-mato, faróis de longo alcance, racks de teto e o controverso estepe pendurado na traseira. O CrossFox era equipado somente com motor 1.6 8V.
No ano seguinte, em 2006, era a vez de a Volkswagen lançar a perua SpaceFox/SpaceCross. O modelo, fabricado na Argentina até 2018, trazia todas as características do hatch, com a vantagem do porta-malas 170 litros maior (totalizando 440 litros).
A primeira reestilização do Fox foi lançada em 2009, como linha 2010. Trazia desenho frontal inspirado no Polo e as maiores melhorias de conteúdo. Por dentro, o Fox recebia um novo painel de instrumentos mais completo, rádio com Bluetooth, volante multifuncional e podia ser equipado com teto solar, oferecido como opcional.
As motorizações 1.0 e 1.6 flex foram mantidas, sendo que a última podia receber o câmbio automatizado I-Motion de cinco marchas.
A segunda fase do Fox também ficará marcada pela variedade de edições especiais. A Bluemotion, focada na eficiência energética, estreava no Brasil o motor EA211 1.0 MPI de três cilindros, que mais tarde seria utilizado no Up, no Gol e no Voyage.
Nesse meio tempo, o Fox também teve a série Rock in Rio, alusiva ao festival de música homônimo, e a Seleção, comemorativa para a Copa do Mundo de futebol.
Em 2015, o Fox sofreu a sua última atualização. Além do visual inspirado no Golf de sétima geração, o compacto ganhou importantes equipamentos, como controles de estabilidade e tração, central multimídia e a opção do motor 1.6 com cabeçote de 16 válvulas de 120 cv e câmbio manual de seis marchas.
Desde então, todas as versões passaram a ser equipadas de série com direção elétrica (antes era hidráulica), vidros e travas com acionamento elétrico, volante com regulagem de altura e profundidade, airbags frontais e freios com ABS.
Algumas séries especiais também foram lançadas: a esportivada Pepper, com a motorização 1.6 16V e equipamentos da topo de linha Highline, e a Track com motor 1.0 de três cilindros e visual aventureiro.
Para abrir espaço ao Polo em sua gama de modelos, em 2018 a Volkswagen enxugou a linha Fox, e passou a oferecer o compacto somente nas versões Connect e Xtreme, ambas equipadas com motor 1.6 8V de 104 cv e câmbio manual.
Com aposta no custo-benefício, essas configurações traziam um bom pacote de equipamentos de série, com direção elétrica, vidros e travas elétricos, ar-condicionado, alarme, multimídia, entre outros.
O Fox foi majoritariamente produzido em São José dos Pinhais (PR), mas chegou a ser feito durante algum tempo em São Bernardo do Campo (SP) e em General Pacheco (Argentina). Das mais de 1,8 milhão de unidades fabricadas, cerca de 500 mil foram destinadas à exportação.
O recorde de vendas do Fox no mercado brasileiro foi em 2012, ano em que o hatch registrou mais de 167 mil emplacamentos. Número muito superior às 6 mil unidades comercializadas em 2003, ano de estreia do modelo. Em 2021, o Fox contabiliza menos de 16 mil emplacamentos.