A Volkswagen antecipou seus planos para o país e elevou o total investido - que antes era de R$ 7 bilhões até 2026 para R$ 16 bilhões até 2028. Esse montante inclui 16 lançamentos e quatro modelos inéditos no mercado brasileiro. A marca alemã não revelou quais serão os produtos inteiramente novos, além das evoluções periódicas dos produtos atuais.
O presidente da empresa, Ciro Possobom, marcou o posicionamento mercadológico em um encontro com a imprensa. “A estratégia no Brasil não pode ser igual à chinesa, que deu prioridade ao carro elétrico. Acreditamos no motor flex e não está nos planos uma mudança radical, pois aumentaria demais os custos de produção. O flex é um ativo do país e um híbrido desse tipo faz mais sentido.”
Veículos elétricos (VE) não estão incluídos nessa rodada de investimentos em manufatura. A previsão é apenas para 2030, embora a empresa vá importar pelo menos mais um veículo elétrico até 2028. A Volkswagen contempla investimentos em todas as suas quatro fábricas, inclusive a de motores em São Carlos (SP), onde será produzido o novo TSI de 1,5 litro flex que atende aplicação híbrida.
O modelo para São José dos Pinhais (PR) deverá ser uma picape intermediária na mesma faixa da Ram Rampage e da Fiat Toro. Talvez o nome Tarok seja o escolhido, mas de porte maior que o protótipo exibido no Salão do Automóvel de 2018. Já a planta de São Bernardo do Campo (SP) estará comprometida com a nova arquitetura híbrida flex MEB Hybrid e dois produtos inéditos.
A Volkswagen Tarok foi apresentada como conceito no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2018. Possobom adiantou que também haverá um modelo somente com motor a combustão em São Bernardo. Quem sabe uma Saveiro de cabine dupla e quatro portas - hoje a picape tem apenas duas portas. A concorrente direta Strada, líder absoluta, tem 60% de suas vendas concentradas nas versões de quatro portas. Um segundo novo produto será híbrido flex, talvez baseado no Virtus.
Para Taubaté (SP) tudo indica um inédito SUV compacto que será bem diferente do crossover Nivus. O executivo descartou a entrada da marca no segmento de subcompactos, onde concorrem apenas Kwid e Mobi.
Esta semana o banco estatal BNDES aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para a Volkswagen desenvolver produtos “alinhados à sustentabilidade, à eficiência e à transição energética nos próximos anos”. Valor meramente simbólico: apenas 3,1% do investimento total do fabricante.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) viu a confirmação, pelo menos no primeiro mês do ano, que as vendas ao mercado interno de veículos leves e pesados em 2024 devem surpreender. Foram comercializadas 161.601 unidades, que representaram 13,2% a mais que janeiro de 2023. Se considerados apenas os veículos leves, o avanço foi de 16,8%.
A média de emplacamentos foi de 7.300 unidades por dia, o melhor resultado para o mês de janeiro dos últimos três anos.
Para o presidente da associação, Maurício Andretta Jr., há uma melhora na venda no varejo de automóveis e comerciais leves, respondendo por 60% do total. Ele atribui isso “ao custo e ao acesso ao crédito, que melhoraram a partir do último trimestre de 2023. Aliados à expectativa de redução dos juros básicos (taxa Selic) ao longo de 2024, podem incrementar a disponibilidade e diminuir a restrição de crédito por parte dos agentes financeiros”.
Durante vários meses no ano passado, o mercado corporativo dominou a participação entre veículos comercializados. Locadoras também tiveram um 2023 muito forte no último trimestre. Para 2024, a Fenabrave prevê, preliminarmente, que o mercado interno crescerá 12%. Já a Anfavea estima um avanço bem menor, de 6%.
Os números podem sofrer revisões à medida que a economia brasileira reagir. Em 2023, o avanço deveu-se à grande safra agrícola plantada em 2022. No entanto, este ano não se repetirá por razões climáticas. Economistas esperam números para o PIB bem mais discretos e isso se reflete nas vendas de veículos.
Mudanças em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) na lei Renato Ferrari, que regula as vendas entre fabricantes e concessionárias, têm potencial de gerar atritos entre as duas partes. Marcas chinesas vêm usando o expediente da venda direta para pessoas físicas, que contorna a atual lei, o que se reflete em preço menor aos compradores em razão da menor incidência de imposto.
SUV que tomou o lugar do sedã Civic no Brasil (agora só com o Type R) seguindo a onda mundial de suvização do mercado, o ZR-V enfrenta bem a forte concorrência. Vindo do México, portanto isento de imposto de importação, dispõe de motor 2 litros, apenas a gasolina, com 161 cv e 19,1 kgf.m. O câmbio é um CVT de sete marchas.
O ZR-V mostra bom desempenho, mas dá para sentir a diferença de potência em relação, por exemplo, ao líder Corolla Cross (177 cv e 21,4 kgf.m com etanol). Não chega a decepcionar, em especial no modo Sport, porém nesse aspecto um dos principais concorrentes o supera.
O estilo está entre os pontos altos. Discreto onde pode, mais arrojado onde deve. Destaques para desenho dos faróis de LED, vincos laterais e ponteira de escapamento cromada. No interior, o assoalho plano traseiro proporciona bom espaço para três passageiros e há duas portas USB-C, mas sem saídas para ar-condicionado. O porta-malas de 389 litros poderia ser um pouco maior. Traz tela multimídia de nove polegadas com espelhamento de Android Auto, Apple CarPlay e carregamento de telefone celular por indução.
Posição ao volante mais baixa, bancos com firmeza e boa sustentação lateral, além de freio de estacionamento de imobilização automática (auto hold) são pontos de honra para o Honda. Preço: R$ 214.500.
Nada como um bom livro para testemunhar a grande evolução da indústria automobilística no Brasil. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) foi e é um dos grandes impulsionadores de uma atividade que começou em 1957 timidamente, com apenas 30.542 unidades fabricadas, e atingiu o pico de 3.739.525 em 2013.
Um pioneiro, Ramiz Gattás, contou a história do setor de 1957 a 1980 sob o título “A Indústria Automobilística e a 2ª Revolução Industrial no Brasil”. Gattás atuou desde 1951, quando foi o secretário da então Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares.
O atual Sindipeças, ao completar 70 anos, lançou uma continuação impressa no final de 2023. O jornalista Marcos Rozen foi responsável pela atualização histórica: “A Revolução na Indústria de Veículos e de Autopeças no Brasil”. Interessados podem ter acesso a uma versão digital no hotsite https://sindipecas70anos.com.br .